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Reintegração deixa mais de 20 feridos em Limeira, diz MST
PM afirma que o uso da força policial foi necessária porque alguns acampados se negaram a cumprir a ordem judicial
Operação foi realizada para desocupar terreno de 5 km quadrados, que pertence à prefeitura; Incra, no entanto, diz que a área é da União
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMEIRA
Ação de reintegração de posse cumprida por 400 homens
da Polícia Militar deixou pelo
menos 20 pessoas feridas ontem em Limeira (151 km de SP),
sendo cinco delas hospitalizadas, segundo o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que coordenava o acampamento.
Para a PM, ninguém ficou ferido e apenas uma mulher desmaiou durante a operação.
Ninguém foi preso. A Santa Casa de Limeira disse que feridos
deram entrada no hospital, mas
não soube informar quantos.
A ação foi feita por policiais
da Tropa de Choque, Canil, Cavalaria e PMs de diversos batalhões do interior. Foram usados bombas de efeito moral, gás
lacrimogêneo, gás pimenta e
armas com balas de borracha.
No momento em que se deu a
reintegração, por volta das 10h,
um helicóptero da PM sobrevoou o acampamento e atirou
bombas de efeito moral e de
gás. Um dos líderes nacionais
do MST, Gilmar Mauro, teve a
orelha atingida por uma bala de
borracha. Ele deixou o local logo após a ação da PM.
Ao menos 250 famílias ligadas ao MST estavam na área
desde de abril deste ano.
A reportagem entrevistou
cinco pessoas feridas por estilhaços ou que foram atingidas
por balas de borracha.
Uma delas, a missionária da
Pastoral da Criança de Limeira,
freira Ana Angélica, ficou ferida
com um estilhaço de bomba na
perna esquerda. Ela contou que
estava no local com outros integrantes da Pastoral para retirar
cerca de 80 crianças que estavam no acampamento, mas disse que a PM invadiu antes.
"As crianças ficaram apavoradas e choraram por causa da
ação truculenta da PM. Algumas delas aspiraram gás de pimenta", disse a freira.
Dezenas de barracos foram
destruídos e alguns incendiados. Plantações de banana,
mandioca, feijão e abóbora foram destruídas por tratores
alugados pela prefeitura.
O tenente Wagner Geromim
Valente disse que o uso da força
policial foi necessário porque
alguns integrantes do acampamento se negaram a cumprir a
ordem judicial de deixar a área.
"Fizemos o aviso sobre a ilegalidade de eles resistirem. Tivemos que fazer uso de armas
químicas e de balas de borracha. O saldo foi positivíssimo.
Apreendemos cerca de 600 armas de trabalho no acampamento, como facões, machados
e foices."
A oposição ao governador José Serra (PSDB) na Assembléia
Legislativa vai encaminhar um
ofício para cobrar explicações.
A área total mede cerca de
5 km quadrados, segundo o tenente Valente. Mas nem todo o
espaço estava invadido pelo
MST. Em parte do local há um
aterro sanitário.
O pedido de reintegração foi
feito à Justiça Estadual pela
Prefeitura de Limeira. A decisão foi dada favoravelmente na
semana passada pelo juiz Flávio Dassi Vianna, da Vara da
Fazenda Pública da cidade.
No entanto, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), em São Paulo, informou ontem que a área
pertence à União e que, portanto, a Justiça Estadual não poderia conceder reintegração de
posse do terreno.
Colaborou JOSÉ EDUARDO RONDON, da Agência Folha
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