São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Mão do gato

A despeito do oficial "temos que votar", muita gente no governo hoje considera o relatório da reforma tributária temerário o bastante para ser de todo abandonado, e não apenas ajustado em um ou outro ponto. Por esse raciocínio, "ajustar" seria, na verdade, dar prosseguimento ao festival de barganhas e concessões que resultou no texto de Sandro Mabel (PR-GO).
Ciente do que está em jogo, o Planalto não tem mais pressa nenhuma e, melhor, avalia que nem mesmo arcará com o ônus do eventual aborto do projeto, já que ninguém se expôs mais nas críticas ao relatório de Mabel do que o governador José Serra (PSDB-SP).




Pé no freio. A crise deverá atrasar o cronograma de entrega de pelo menos três refinarias da Petrobras, localizadas, respectivamente, no Ceará, no Maranhão e no Rio. São todas obras integrantes do PAC. A prioridade da empresa é preservar a construção de plataformas em alto-mar.

Locomotiva. Pré-crise, a Petrobras planejava investir R$ 56 bilhões em 2009. Isso é mais do que o dobro de todo o restante do PAC estimado para o ano que vem (R$ 21 bilhões). Daí tanta preocupação do governo com a empresa.

Wikipedia. Ao defender, em evento na quinta-feira, restrições à meia-entrada para estudantes, o ministro Juca Ferreira lembrou que, "como dizia Mao Tsé-tung, não existe jantar grátis". O titular da Cultura errou não apenas o autor como a refeição da famosa frase: o economista norte-americano Milton Friedman falava em almoço.

Plus. Juca Ferreira, aliás, está em fase de expansão. Depois de ser efetivado no Ministério da Cultura, trabalha para substituir José Luiz Penna na presidência do PV.

Muito boa mesmo! Em evento com representantes de movimentos sociais na quarta-feira, o secretário-geral Luiz Dulci encerrou sua intervenção elogiando uma frase dita por Lula em 2007, numa cerimônia com portadores de deficiência. Frase esta de autoria do próprio Dulci, ghost-writer do presidente.

Sem aderência 1. Inclinado a apoiar o petista Tião Viana para a presidência do Senado, o PSDB não se deixará seduzir pelo mais recente movimento de Renan Calheiros, que lançou a candidatura de Pedro Simon para preencher o vácuo criado pela desistência de José Sarney.

Sem aderência 2. A relação de Simon com a bancada tucana no Senado nunca foi das melhores. Aliás, nem a de Simon com Renan.

O breve. Para angariar apoio, petistas argumentam que não há risco de Tião tentar um segundo mandato no biênio 2011-2012, já que disputará o governo do Acre. Lembram ainda que, para fazer a campanha, ele deixaria a presidência, em algum momento de 2010, nas mãos do primeiro-vice. Que eventualmente poderia ser do PSDB.

Comunicantes. O viés de alta da candidatura de Tião não chega a resolver a vida de Michel Temer (PMDB-SP) na eleição da Câmara. Mas ajuda.

Sirene. Cinco acusados em 2006 no escândalo dos sanguessugas -aquele da compra de ambulâncias superfaturadas- apresentaram emendas ao Orçamento de 2009 com essa destinação: Pedro Henry (PP-MT), Marcondes Gadelha (PSB-PB), João Magalhães (PMDB-MG), Wellington Roberto (PR-PB) e Wellington Fagundes (PR-MT).

Mofo. Principal órgão de assessoramento do presidente, segundo na Constituição, o Conselho da República reuniu-se apenas três vezes sob Lula, a última em 2005. Na página da internet que lista os cargos da administração federal, o secretário-executivo continua sendo José Dirceu.



Tiroteio

"O presidente manda as pessoas se endividarem, quando o natural é que fiquem na defensiva, até porque não sabem se terão emprego."
Do senador ACM JÚNIOR (DEM-BA), sobre a recomendação de Lula e de outras autoridades para que a população não reduza o ritmo do consumo, a despeito das incertezas na economia.



Contraponto

Plataforma

Em recente evento do PSDB em São Paulo, o secretário-geral do partido no Estado, César Gontijo, fez o papel de mestre-de-cerimônias. Ao anunciar cada vereador, dizia:
-Com vocês, o próximo prefeito!
Quando o governador José Serra chegou ao local, sua empolgação foi ainda maior:
-O nosso futuro presidente da República!
Pouco depois, já na mesa das autoridades, Gontijo anunciou o prefeito reeleito de Cuiabá, Wilson Santos:
-Está aqui o próximo governador de Mato Grosso!
Santos fez cara de espanto, mas Serra o tranqüilizou:
-Não se preocupe, ele hoje está lançando todo mundo. Entrou aqui, ele já lança para algum cargo!


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