São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oposição dá início a "operação 2010"

Cúpulas do DEM e do PSDB admitem que o principal objetivo do movimento é fortalecer a candidatura de Serra à Presidência

Líderes oposicionistas estão articulando para melhorar a relação entre os tucanos e os democratas nos principais colégios eleitorais do país

FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes nacionais dos principais partidos de oposição ao governo Lula deram início a uma operação para harmonizar a relação de PSDB e DEM em importantes colégios eleitorais do país. Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe e Rio Grande do Norte são os primeiros alvos da "operação 2010", planejada para construir palanques fortes para o próximo candidato tucano à Presidência da República.
As disputas locais criaram tensões entre essas duas siglas nesses cinco Estados que, juntos, contam com 31,9 milhões de eleitores-o equivalente a 25% do total de eleitores do Brasil, de acordo com números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ouvidos pela Folha, integrantes da cúpula do DEM e do PSDB admitem que o movimento está sendo pensado para fortalecer, principalmente, a candidatura do governador José Serra (SP) a presidente. "Quanto mais rápido resolver a situação nos Estados, mais forte será o início da campanha presidencial em 2010", afirma o deputado federal Rodrigo Maia (RJ), presidente nacional do DEM.
Na Bahia, o PSDB abriu as portas para o ex-governador do DEM, Paulo Souto. No Rio Grande do Sul, as bancadas federais tentam fazer com que a governadora Yeda Crusius (PSDB) e o vice Paulo Feijó (DEM) superem os problemas pessoais para dos dois partidos estarem juntos em 2010. No Rio, o primeiro passo já foi dado: DEM e PSDB se uniram para fazer oposição ao governador peemedebista Sérgio Cabral na Assembléia Legislativa.
"O importante é criar bases para contar com elas na próxima eleição", diz o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). PSDB e DEM dizem não quer repetir os erros de 2006.

Faltou apoio
A avaliação é de que, na eleição presidencial anterior, faltou apoio político ao então candidato tucano Geraldo Alckmin, especialmente naqueles Estados onde as duas siglas estavam separadas.
Por isso, a Bahia, porta de entrada do Nordeste com mais de 9,2 milhões de eleitores, é considerada uma das prioridades da "operação 2010". Atualmente, o PSDB e o PT baianos estão juntos, apoiando o governo petista de Jaques Wagner.
Principal aliado de Serra na Bahia, o deputado federal Jutahy Júnior. (PSDB-BA) deixou de lado a histórica rixa com Souto e avisou ao comando do PSDB que aceita a filiação do adversário e também o apóia como candidato tucano ao governo baiano. O DEM nacional, contudo, articula para manter Souto no partido e convencer os tucanos a abandonarem desde já os petistas para ajudar a abrir as portas do Nordeste para José Serra.
No Rio de Janeiro, enquanto sondam o deputado federal Fernando Gabeira para trocar o PV pelo PSDB, os tucanos já combinaram com o DEM de trabalhar juntos na Assembléia como oposição ao governo estadual. Os dois partidos prometem dificultar a vida de Sérgio Cabral, peemedebista aliado de Lula e entusiasta da candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência.
A tendência é manter a parceria firmada entre PV, PPS, PSDB e DEM no segundo turno nas eleições municipais na capital fluminense. Esse grupo deve se colocar contra os apadrinhados do presidente Lula e do governador Cabral. "A experiência com Gabeira significa um bom ponto de partida para a construção de um palanque nacional para o PSDB", avalia o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ).
No Rio Grande do Sul, a missão é retomar as relações entre a governadora do PSDB e o vice do DEM. As bancadas dos dois partidos no Congresso têm dialogado para tentar fazer com que os problemas pessoais entre os dois não contaminem a união das legendas em 2010. "Temos um projeto que é muito maior, que é a retomada do poder nacional com essa parceria histórica entre PSDB e DEM", explica o presidente do DEM gaúcho, o deputado federal Ônyx Lorenzoni. A idéia, diz ele, é repetir a vitória que o Estado deu a Alckmin nos dois turnos das eleições de 2006.
Em Aracaju (SE), o PT e o PSDB firmaram aliança formal para apoiar a reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira (PC do B). No Rio Grande do Norte, os tucanos são aliados da governadora Wilma Faria (PSB). A cúpula nacional tucana tenta descolar o PSDB desses grupos políticos nos dois estados pensando na união com o DEM.


Texto Anterior: Poder de investigação de Ministério Público provoca novo debate
Próximo Texto: Siglas trocam concessões para chapas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.