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Em vídeo, aliado de Arruda guarda dinheiro nas meias
Novas imagens flagram 3 deputados distritais e outros assessores do democrata
Nas gravações, o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, aparece guardando maços de notas nos bolsos e até nas meias
Reprodução
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Leonardo Prudente, presidente da Câmara Legislativa, guarda dinheiro de propina nos bolsos em vídeo gravado por ex-secretário
FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Deputados distritais e aliados políticos do governador do
Distrito Federal, José Roberto
Arruda (DEM), alvos da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, foram filmados recebendo dinheiro e guardando
maços de notas em bolsas, bolsos e até dentro de meias.
A Folha teve acesso ontem a
mais três DVDs com imagens
de distribuição de dinheiro gravadas por Durval Barbosa, ex-assessor de Arruda e colaborador da PF que entregou o suposto esquema de desvio de
verbas públicas e arrecadação
de propina de empresas para
pagar despesas de campanha e
distribuir recursos à base aliada do governador.
Arruda também foi filmado
recebendo dinheiro de Barbosa. Os vídeos, parte deles feita
sem autorização judicial, foram
entregues à PF, que faz a perícia, e integram o inquérito.
Nas novas gravações a que a
Folha teve acesso aparecem recebendo dinheiro vivo três deputados distritais-Leonardo
Prudente (DEM), Júnior Brunelli (PSC), Eurides Brito
(PMDB)-, o ex-deputado Odilon Aires (PMDB), o ex-administrador regional José Naves,
o presidente do Na Hora (programa de atendimento rápido
para emissão de documentos),
Luiz França, e o jornalista Paulo Pestana, diretor da agência
de comunicação do governo.
Num dos vídeos, de um minuto e 30 segundos, o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, entra na sala
de Barbosa e fala: "Comecei a
tratar... coisa de negócio de
campanha". Barbosa entrega
seis maços de notas a Prudente,
que os guarda nos bolsos internos e externos do terno. Em seguida, se senta na cadeira e
guarda dois maços nas meias.
Os arquivos da imagem na
qual Prudente guarda dinheiro
no paletó e na meia, assim como os dos outros distritais e o
do jornalista, têm data de criação de 2006, o que não significa, necessariamente, o dia em
que os vídeos foram gravados.
Os vídeos seguem sempre a
mesma dinâmica. Os deputados entram na sala, aparentemente a mesma, sentam-se e
logo recebem os maços de Barbosa. Só após o dinheiro ser
guardado é que a conversa começa, mas não foi possível ouvir os diálogos na íntegra.
Eurides, por exemplo, que
está num vídeo de um minuto,
recebe o dinheiro após terem se
passado 19 segundos de sua entrada na sala. Após cumprimentar Barbosa de longe, volta
até a porta e a tranca. Em pé,
guarda as notas na bolsa.
Brunelli é contemplado com
o dinheiro vivo apenas 14 segundos após entrar na sala. Coloca as notas no bolso da calça.
O ex-distrital Odilon Aires,
que responde pelo instituto de
assistência à saúde dos servidores do DF, é filmado tentando
guardar as notas no paletó. Desiste e coloca o dinheiro no bolso de trás da calça. O jornalista
Paulo Pestana também foi filmado ganhando três maços,
que segura durante dois minutos e 18 segundos de vídeo.
Há imagens de outros encontros feitas na sala de Barbosa já
com a foto de Arruda, que tomou posse em 2007 como governador, pendurada na parede. Numa delas, França e um
homem não identificado contam as notas na frente de Barbosa. Pouco antes de receber o
dinheiro, o acompanhante de
França tranca a porta.
O secretário de Saúde do DF,
Augusto Carvalho, deputado
federal licenciado pelo PPS, teve o nome citado em conversa
gravada pela PF. De acordo
com transcrição do diálogo entre Barbosa e José Geraldo Maciel, afastado da Casa Civil, Carvalho recebia "retribuição de
contratos". Também teriam sido beneficiados Fernando Antunes e Roberto Freire, presidentes nacional e regional do
partido, respectivamente. Todos negam participar da fraude.
Assista às gravações
www.folha.com.br/093332
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