São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Em vídeo, aliado de Arruda guarda dinheiro nas meias

Novas imagens flagram 3 deputados distritais e outros assessores do democrata

Nas gravações, o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, aparece guardando maços de notas nos bolsos e até nas meias

Reprodução
Leonardo Prudente, presidente da Câmara Legislativa, guarda dinheiro de propina nos bolsos em vídeo gravado por ex-secretário

FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados distritais e aliados políticos do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), alvos da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, foram filmados recebendo dinheiro e guardando maços de notas em bolsas, bolsos e até dentro de meias.
A Folha teve acesso ontem a mais três DVDs com imagens de distribuição de dinheiro gravadas por Durval Barbosa, ex-assessor de Arruda e colaborador da PF que entregou o suposto esquema de desvio de verbas públicas e arrecadação de propina de empresas para pagar despesas de campanha e distribuir recursos à base aliada do governador. Arruda também foi filmado recebendo dinheiro de Barbosa. Os vídeos, parte deles feita sem autorização judicial, foram entregues à PF, que faz a perícia, e integram o inquérito.
Nas novas gravações a que a Folha teve acesso aparecem recebendo dinheiro vivo três deputados distritais-Leonardo Prudente (DEM), Júnior Brunelli (PSC), Eurides Brito (PMDB)-, o ex-deputado Odilon Aires (PMDB), o ex-administrador regional José Naves, o presidente do Na Hora (programa de atendimento rápido para emissão de documentos), Luiz França, e o jornalista Paulo Pestana, diretor da agência de comunicação do governo. Num dos vídeos, de um minuto e 30 segundos, o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, entra na sala de Barbosa e fala: "Comecei a tratar... coisa de negócio de campanha". Barbosa entrega seis maços de notas a Prudente, que os guarda nos bolsos internos e externos do terno. Em seguida, se senta na cadeira e guarda dois maços nas meias.
Os arquivos da imagem na qual Prudente guarda dinheiro no paletó e na meia, assim como os dos outros distritais e o do jornalista, têm data de criação de 2006, o que não significa, necessariamente, o dia em que os vídeos foram gravados. Os vídeos seguem sempre a mesma dinâmica. Os deputados entram na sala, aparentemente a mesma, sentam-se e logo recebem os maços de Barbosa. Só após o dinheiro ser guardado é que a conversa começa, mas não foi possível ouvir os diálogos na íntegra. Eurides, por exemplo, que está num vídeo de um minuto, recebe o dinheiro após terem se passado 19 segundos de sua entrada na sala. Após cumprimentar Barbosa de longe, volta até a porta e a tranca. Em pé, guarda as notas na bolsa.
Brunelli é contemplado com o dinheiro vivo apenas 14 segundos após entrar na sala. Coloca as notas no bolso da calça. O ex-distrital Odilon Aires, que responde pelo instituto de assistência à saúde dos servidores do DF, é filmado tentando guardar as notas no paletó. Desiste e coloca o dinheiro no bolso de trás da calça. O jornalista Paulo Pestana também foi filmado ganhando três maços, que segura durante dois minutos e 18 segundos de vídeo. Há imagens de outros encontros feitas na sala de Barbosa já com a foto de Arruda, que tomou posse em 2007 como governador, pendurada na parede. Numa delas, França e um homem não identificado contam as notas na frente de Barbosa. Pouco antes de receber o dinheiro, o acompanhante de França tranca a porta.
O secretário de Saúde do DF, Augusto Carvalho, deputado federal licenciado pelo PPS, teve o nome citado em conversa gravada pela PF. De acordo com transcrição do diálogo entre Barbosa e José Geraldo Maciel, afastado da Casa Civil, Carvalho recebia "retribuição de contratos". Também teriam sido beneficiados Fernando Antunes e Roberto Freire, presidentes nacional e regional do partido, respectivamente. Todos negam participar da fraude.

Assista às gravações
www.folha.com.br/093332


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