São Paulo, segunda-feira, 30 de novembro de 2009

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Palácio do Planalto ganha "puxadinho" que altera fachada de obra tombada

LULA MARQUES
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Palácio do Planalto ganhou um "puxadinho" que descaracteriza a fachada da obra. Construído nos anos 1950, o prédio no qual trabalha o presidente da República está sendo restaurado desde o mês de março, mas somente agora as mudanças começam a ser visíveis.
O bloco de concreto esconderá boa parte dos arcos que caracterizam o projeto de Oscar Niemeyer, o que gerou polêmica no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Venceu, porém, a tese de que a obra era necessária para garantir a segurança do presidente da República e dos demais usuários do prédio.
O órgão acabou por autorizar a construção do "puxadinho" com o argumento de que ele fica atrás do palácio e esconderá uma escada de emergência e um elevador. O técnico do Iphan no DF, Eduardo Rossetti, disse que "tudo é muito polêmico" nas discussões do órgão, e que esta foi apenas mais uma delas.
"O ângulo privilegiado do palácio é feito a partir da praça dos Três Poderes. E deste ponto de vista a caixa é invisível. O palácio é uma obra dos anos 50, que não tinha as exigências de segurança atuais."
Segundo o técnico do Iphan, o "puxadinho" é eliminável e pode ser removido a qualquer tempo sem prejudicar o prédio. O palácio é tombado, mas o Iphan explicou que nesses casos de segurança pode haver mudanças no projeto original. "É o próprio autor atuando sobre a obra."
Carlos Magalhães, do escritório de Niemeyer em Brasília, disse que o arquiteto aprovou a construção do "puxadinho". "Passam pelo prédio de 600 a 700 pessoas. É uma questão de segurança. A escada que tinha lá era de um metro de largura, agora estamos atendendo as exigências de segurança do Corpo de Bombeiros", afirmou ele.
Outra polêmica é sobre os azulejos pintados pelo artista Athos Bulcão. A equipe de Niemeyer e o Iphan não se entendem sobre o que fazer com as peças utilizadas até então para disfarçar duas casas de máquinas que agora serão destruídas. Enquanto para a equipe de Niemeyer poderiam ficar encaixotados, o Iphan quer colocá-los à mostra. "É algo alienígena. Foi feito depois da construção do palácio, na época do regime militar", afirmou Magalhães.
O plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é inaugurar a obra em abril de 2010, dentro do cronograma definido. Enquanto isso, Lula e outros cinco ministros que despachavam no local, entre eles Dilma Rousseff (Casa Civil), trabalham no Centro Cultural do Banco do Brasil. O custo da obra, segundo o Palácio do Planalto, é de R$ 78,8 milhões.


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