São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

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PT e aliados assumem função de levar população para posse

Movimentos sociais, protagonistas em 2003, querem "menos festa e mais reivindicação"

PT vai custear despesas de transporte de 300 ônibus; gasto da sigla com o evento será divulgado hoje, mas deve alcançar R$ 600 mil


FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

LETICIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de mais modesta - tanto em público quanto em custos-, a festa de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem característica distinta da comemoração de 2003: são os partidos políticos, e não os movimentos sociais, que concentram a mobilização deste ano.
Militantes e líderes de movimentos dos sem-terra, sindicalistas e representantes do movimento negro, entre outros, estarão em Brasília na segunda-feira, mas as principais entidades não capitanearam a convocação para o evento e pouco empregaram estrutura própria para promovê-lo. Dizem que, diferentemente de 2002, querem imprimir tom "mais reivindicatório que festivo".
"Incentivamos a presença dos nossos militantes [à posse], mas não é a entidade que está convocando as pessoas", diz Antonio Carlos Spis, primeiro-tesoureiro da CUT (Central Única dos Trabalhadores).


PT paga ônibus
O PT, junto com partidos aliados, vai custear as despesas da vinda de 268 dos 300 ônibus com militantes previstos até agora, a maior parte deles com origem no entorno do Distrito Federal, de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O restante dos veículos será pago por partidos aliados e movimentos sociais.
Em 2002, o partido calculou em 120 mil o público que foi assistir à chegada de Lula ao poder. Agora, são esperadas cerca de 50 mil pessoas. O PT apresenta a festa como "modesta" e cita que o caos aéreo dificultou a organização: havia poucos ônibus disponíveis, o que elevou o preço dos aluguéis.
Os custos também serão modestos, diz o partido. Os números devem ser divulgados hoje. O PT calcula algo entre R$ 500 mil e R$ 600 mil (gastos do comitê e de movimentos sociais).

Distância e cobrança
Spis, explica que, além do menor apelo da festa por se tratar da reeleição, havia pouco dinheiro. "Não queríamos receber dinheiro do governo como instituição para depois saírem as matérias: "movimentos recebem dinheiro para ir à posse.'" Segundo ele, o distanciamento do governo é bom para Lula e para os movimentos.
O esforço para "diferenciar-se" do governo -depois de quatro anos que chamam de "apoio crítico"- também aparece no movimento estudantil.
"A pressão será maior desde o início e o governo vai ter de responder: agora não há mais paciência, nem a herança anterior", afirmou Gustavo Petta, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), que vai à festa como convidado.
"É um momento mais reivindicatório do que festivo. Estamos guardando cartucho para nos mobilizar para cobrar. Queremos aprovar a reforma universitária", diz Marcelo Gavião, presidente da UJS (União da Juventude Socialista), ligada ao PC do B. A UJS pretende levar até 10 mil estudantes à Brasília. Mas também promete levar uma faixa gigante com a inscrição: "Presidente, a juventude quer emprego".


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