São Paulo, sábado, 30 de dezembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Assembléia gaúcha derruba pacote econômico de Yeda

Projeto de aumento de impostos é rejeitado antes de governadora tomar posse

Resultado da votação foi comemorado por vice de tucana; até líder da bancada votou contra proposta, que visava zerar déficit público


Ricardo Giusti/"Correio do Povo"


Representantes do comércio e da indústria protestam na Assembléia gaúcha contra projeto da governadora eleita Yeda Crusius
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Menos de 72 horas antes de tomar posse, o novo governo gaúcho sofreu uma derrota que compromete seu planejamento para a área econômica, cujo principal objetivo é zerar o déficit público do Estado.
O pacote de medidas proposto pela governadora eleita Yeda Crusius (PSDB), que envolvia aumentos de impostos, cortes de gastos e congelamento de vencimentos para o funcionalismo durante dois anos, foi rejeitado ontem em votação na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Em uma sessão que se iniciou pela manhã e só terminou à tarde, com a pressão de centenas de empresários, representantes de entidades de trabalhadores e servidores públicos, os projetos foram votados em duas sessões e derrotados, com a divisão da base governista.
Na noite de anteontem, o sinal de que o PP estaria dividido foi dado pela renúncia do deputado estadual Jerônimo Goergen (PP) ao cargo de secretário da Agricultura, para o qual havia sido indicado. Foi a terceira baixa no secretariado de Yeda antes mesmo de seu governo começar -os deputados Marquinho Lang (PFL) e Berfran Rosado (PPS) já haviam renunciado, respectivamente, às pastas da Justiça e Inclusão Social e Planejamento.
Para aumentar a crise, o líder da bancada do PSDB, Ruy Pauletti, renunciou ontem pela manhã, descontente por não ter sido consultado para o estabelecimento de um acordo. Pauletti votou contra o pacote.
A decisão foi comemorada pela maioria dos deputados no final da sessão extraordinária na Assembléia, à tarde.
O único partido governista que se manteve coeso na defesa do projeto de Yeda foi o PTB. Todos os demais se dividiram -o PFL votou unido contra, articulando-se com o oposicionista PT. O vice de Yeda, Paulo Afonso Feijó, é um pefelista.

"Tarifaço"
Durante duas sessões (uma de quatro horas, pela manhã, e outra de uma hora, à tarde), houve princípios de confusão entre o público, que tentou entrar no auditório de 500 lugares. O local ficou lotado e ainda houve aglomeração do lado de fora da Assembléia. Empresários de Bento Gonçalves usaram narizes de palhaço. Outros portavam cartazes e faixas contra o ""tarifaço".
Feijó, o vice pefelista de Yeda, ficou do lado da oposição. ""Foi uma vitória da Assembléia Legislativa, que soube ouvir a sociedade. Uma vitória da sociedade gaúcha. A gente tem de aprender com os erros. Temos que colocar a bola no meio e recomeçar o jogo", disse ele. "Não podem dois ou três tecnocratas impor esse pacotaço, essa caixa-preta", afirmou.
A proposta do governo foi divida em quatro projetos. A derrota ocorreu quando, no início da tarde, o Projeto 528, apelidado pelo governo como ""projeto-mãe", foi derrotado por 28 votos a 24. Depois disso, com dificuldade de articulação, o governo ora dizia que retiraria os outros projetos, ora que os manteria. Manteve-os e foi derrotado pelo voto novamente.


Texto Anterior: Faixas pró-Lula geram polêmica em Brasília
Próximo Texto: Frases
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.