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Base e oposição tentam derrubar relatório de CPI
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A oposição e a base governista
tentarão hoje derrubar o relatório
da CPI dos Bingos na parte em
que acusa ex-dirigentes da estatal
Caixa Econômica Federal e o
atual presidente do banco, Jorge
Mattoso. As emendas ao relatório
sobre o caso GTech isentam de
culpa nove dos 34 acusados pelo
relator, senador Garibaldi Alves
Filho (PMDB-RN).
A CPI deve votar ainda se pedirá
o indiciamento do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Garibaldi afirma que "não há elementos" para acusar o ministro. A tendência dos senadores é seguir o
relator nesse caso.
No relatório, a ser submetido
hoje à votação, Garibaldi diz que a
GTech pagou propina, supostamente destinada ao PT, na renovação de um contrato em abril
2003 com a Caixa para operação
de loterias. Conforme o relatório,
houve ainda pagamento à GTech,
de 1997 a 2004, de R$ 556 milhões
a mais do que o valor devido.
Por essa razão, Garibaldi acusou
no relatório os ex-presidentes da
Caixa Econômica Federal Sérgio
Cutolo (de 1995 a 1999) e Emílio
Carazzai (1999 a 2002).
Ex-assessores de Palocci no
tempo em que era o prefeito de
Ribeirão Preto (1993-1996 e 2001 e
2002), e seu atual assessor particular no Ministério da Fazenda,
Ademirson Ariovaldo da Silva, foram acusados pelo relator de participarem da negociação de propina. Silva nega. O nome dele deverá ser mantido no relatório.
Emenda
Até as 23h de ontem Garibaldi
havia aceito apenas uma emenda
ao relatório. É a que pede ao Conselho Nacional de Justiça que investigue a juíza federal de Brasília
Maísa Giudice. A CPI suspeita
que a juíza possa ter favorecido a
GTech em decisões contra a Caixa. Giudice está de licença e não
foi localizada pela reportagem.
"As modificações são profundas e alteram quase tudo", disse
Garibaldi sobre as emendas apresentadas ao relatório.
O senador Valdir Raupp
(PMDB-RO), articulado com o
PT, apresentou uma emenda para
retirada do nome de Jorge Mattoso e de mais três ex-diretores. Em
defesa de Mattoso, a Caixa diz que
o relatório é um "instrumento político-eleitoral".
No ataque ao governo federal, o
senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MT) apresentou emendas
para que Mattoso seja acusado
também de crime contra o sistema financeiro e pediu o indiciamento de Palocci.
Ex-presidentes
A favor da oposição, Antero e o
senador José Jorge (PFL-PE) pediram a exclusão de Cutolo e Carazzai, os ex-presidentes da Caixa
no governo tucano de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
"Pode ser que haja uma operação para derrubar o relatório",
admite o relator Garibaldi referindo-se à hipótese de oposição e governo fazerem um "acordão" para garantir as emendas a favor de
Mattoso, Cutolo e Carazzai.
"A emenda de Antero não tem
nenhum vínculo com Mattoso.
Não tem acordão", afirmou o senador Arthur Virgílio (AM), líder
do PSDB no Senado.
Virgílio disse ainda analisar se
procede a acusação contra o presidente da Caixa. "As defesas de
Carazzai e Cutolo são consistentes", afirmou o líder do PFL, senador Agripino Maia (RN).
Convocação
A CPI informou que a Polícia
Federal notificou ontem o empresário Roberto Carlos Kurzweil para ele depor amanhã na CPI dos
Bingos. Kurzweil faltou ao depoimento em novembro, alegando
problemas de saúde.
O empresário é dono do Omega
blindado supostamente usado
por ex-assessor do ministro Antonio Palocci para transportar até
US$ 3 milhões que teriam vindos
da Cuba para a campanha do PT.
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