São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conselho vota parecer contra pepista

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de uma semana conturbada, o Conselho de Ética deverá aprovar hoje, com folga de votos, o parecer que recomenda a cassação do mandato do presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), numa tentativa de rechaçar as denúncias de "acordão" para livrar deputados.
Segundo o conselho, o placar adverso a Corrêa serviria como retaliação ao desgaste causado pela pressão exercida por ele sob Pedro Canedo (PP-GO), que deram origem às denúncias de "acordão". Canedo disse ter sido pressionado por Corrêa para absolver Roberto Brant (PFL-MG).
Ontem, na véspera da votação do processo contra o presidente do PP, Canedo perdeu a vaga de deputado. Suplente, ele teve de devolver a cadeira a Leonardo Vilela (PSDB-GO), que deixou a secretaria de Infra-estrutura de Goiás para reassumir o mandato. O vice-governador de Goiás, Alcides Rodrigues, é filiado ao PP.
Canedo negou que a substituição tenha sido retaliação. "Foi mera coincidência. Em dezembro, já se falava nessa possibilidade, mas o governador [Marconi Perillo] resolveu adiar a reforma no secretariado." A direção do PP negou que a mudança tenha sido proposital e disse que indicará hoje nome para a vaga no conselho.
A expectativa é que Corrêa não obtenha mais do que três ou quatro votos a seu favor, dos 14 possíveis. Deverão ser pró-pepista os dois membros do seu partido no conselho, Benedito de Lira (AL) e o outro integrante que será indicado hoje, além da petista Ângela Guadagnin (PT-SP), que optou por absolver todos os acusados até agora, exceto Roberto Jefferson (PTB-RJ). Outro voto a favor de Corrêa poderá vir do PFL.
"A pressão da semana passada pode se refletir contra ele. E como o relator é do PSDB, a tendência é que o outro deputado do partido seja favorável [ao parecer]", disse Júlio Delgado (PSB-MG).
O parecer do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) sugere a cassação de Corrêa por ter "ofendido a honradez que deve nortear as relações político-partidárias" no escândalo do "mensalão". O relator vincula os repasses recebidos pelo PP, oriundos do caixa dois do PT, à adesão à base aliada.
Corrêa é acusado de receber R$ 4,1 milhões do esquema de Valério. O pepista diz que recebeu R$ 700 mil, doados pelo PT, usados para pagar o advogado do ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC). Após a votação, o processo segue para votação em plenário.


Texto Anterior: Base e oposição tentam derrubar relatório de CPI
Próximo Texto: Valdemar admite ter recebido R$ 3 mi
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.