São Paulo, terça-feira, 31 de janeiro de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Presidente afirma no Espírito Santo que queda da verticalização acaba com "fingimento sobre quem apóia quem" nas coligações

Lula elogia "fim da bigamia" em eleições

Ayrton Vignola/Folha Imagem
O presidente Lula enxuga o suor durante seu discurso na inauguração de uma subestação de energia, em Viana, no Espírito Santo


PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A VIANA (ES)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o fim da verticalização impedirá "a bigamia" nas eleições, quando políticos de um partido "fingem" apoios. Para Lula, o fim da cláusula que impedia coligações nos Estados diferentes daquelas feitas na disputa presidencial dará mais transparência às eleições.
Em discurso na inauguração de uma subestação de Furnas em Viana (ES), Lula expressou à platéia sua opinião sobre a verticalização: "Havia alguns governos que a defendiam. Eu não aceito a bigamia de políticos de um partido fingirem que estão apoiando e depois não estão apoiando. É melhor escancarar e ver quem é quem neste país, quem apóia quem, à luz do dia. Senão, você fica pensando que alguém está com você e não está depois", disse.
Para Lula, o eleitor ganha ao perceber, de modo mais claro, as coligações: "É melhor acabar logo isso e fazer as coisas muito abertas e à vontade". Lula agradeceu ao Congresso pela aprovação da emenda (ainda não concluída) e listou matérias importantes na convocação extraordinária.
"O Congresso Nacional tem sido um parceiro extraordinário porque, na semana passada, foram votados [projetos] na Câmara dos Deputados muito importantes para o futuro do Brasil. Foi votado o Fundeb (fundo dirigido ao ensino básico). Foi uma coisa excepcional porque é uma revolução na educação do nosso país. Foi votada a Super-Receita, muito importante porque é um jeito de a gente combinar e evitar o desgaste que há com a falta de dinheiro da Previdência Social", declarou.
Indagado sobre se acreditava na possibilidade de a CPI dos Bingos acatar o pedido do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) para indiciar o ministro Antonio Palocci (Fazenda), Lula respondeu apenas: "Não acredito".
O presidente evitou responder aos jornalistas sobre quais seriam os motivos que o levavam a não acreditar em um indiciamento.
Lula também falou sobre a provável saída de ministros peemedebistas de seu governo. "Não apenas os ministros do PMDB [sairão]. Todo e qualquer ministro que quiser ser candidato tem um prazo legal para se afastar, portanto todos têm de se afastar".
Citou um exemplo: "Até o vice-presidente José Alencar, que é ministro da Defesa, para ser candidato, tem de se afastar do Ministério da Defesa. Essa é a lei, e a lei nós cumprimos. Estou tranqüilo porque não haverá nenhuma alteração no governo e nós temos tudo programado. Agora é só a gente começar a colher tudo aquilo que foi plantado desde 2003".

Manifestação
Pouco antes de Lula chegar à inauguração, oito estudantes da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) fizeram uma manifestação pedindo demarcação de terras indígenas no norte do Estado, supostamente ocupadas irregularmente, segundo eles, por plantações de eucalipto de uma empresa de papel e celulose.
Eles não quiseram se identificar, mas fizeram barulho com gritos de ordem como: "Lula, olha o mensalão". Em resposta, um grupo de dez sindicalistas da construção civil empunhou uma faixa que dizia: "Os operários da construção apóiam o governo Lula".
E pediam: "2006 é Lula outra vez". Mesmo sem credenciais da Presidência, os sindicalistas estavam dentro do cercado do evento e barraram a visão da manifestação a favor da causa indígena.


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