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DATAFOLHA
Presidente tem a pior avaliação desde que assumiu, com 38% de ruim/péssimo contra 22% de bom/ótimo
Para 70% dos paulistanos, crise vence FHC
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
A maioria absoluta dos paulistanos (70%)
acha que Fernando Henrique
Cardoso perdeu
o controle sobre
a crise econômica, e 60% dizem que o governo é o
principal responsável por ela. Para
59%, FHC enganou seus eleitores
ao afirmar que manteria a estabilidade do real.
Essas são algumas das principais
conclusões de pesquisa Datafolha
feita na quinta-feira na cidade de
São Paulo. Em todos os aspectos, o
levantamento encontrou os piores
resultados de avaliação do governo
desde que FHC está no poder.
A popularidade do presidente
chegou a seu ponto mais baixo
desde que ele assumiu o cargo pela
primeira vez, em janeiro de 1995.
Para 38% dos entrevistados, o desempenho de Fernando Henrique
é ruim ou péssimo, contra 22% que
o consideram bom ou ótimo.
É a terceira vez no histórico de
pesquisas que a reprovação de
FHC supera sua aprovação entre
os paulistanos. A primeira vez foi
logo após o massacre dos sem-terra em Eldorado de Carajás (Pará),
em abril de 1996.
Mas naquela ocasião a diferença
foi menor: 33% de ruim/péssimo
contra 25% de ótimo/bom. A segunda vez foi há 15 dias, quando a
reprovação chegou a 31%.
A nota média atribuída ao governo também é a mais baixa da série
de avaliações iniciada em fevereiro
de 1995: 4,5.
Para 43% dos paulistanos, o desempenho do governo no combate
à crise econômica é ruim ou péssimo. Outros 41% consideram-no
regular, e 14%, bom ou ótimo.
Se a eleição presidencial se repetisse hoje, 50% dos eleitores da cidade de São Paulo e que afirmam
ter votado em FHC em 4 de outubro mudariam seu voto.
Dessa metade de eleitores arrependidos, 28% dizem que votariam hoje em Ciro Gomes (PPS),
26% votariam em branco ou anulariam, e 24% optariam por Luiz
Inácio Lula da Silva (PT).
Por consequência, a disputa eleitoral se tornaria muito mais acirrada: haveria um empate técnico entre FHC e Lula, de 29% a 26% das
intenções de voto. Além disso, haveria 16% que escolheriam Ciro.
Com o governador Mário Covas
(SP) substituindo FHC como candidato tucano, Lula seria o mais
votado na capital, com 22%, tecnicamente empatado com Covas
(19%) e Paulo Maluf (18%).
Ciro Gomes teria 14% entre os
paulistanos.
A margem de erro da pesquisa é
de três pontos percentuais, para
mais ou para menos.
A maioria dos paulistanos acha
que FHC enganou seus eleitores ao
afirmar que controlaria a crise.
Embora os maiores percentuais
de entrevistados que concordam
com essa afirmação sejam de
quem votou em candidatos da
oposição na eleição presidencial
(80% dos eleitores de Lula e 76%
dos que votaram em Ciro Gomes),
a taxa também é alta entre os próprios eleitores de FHC.
Chegam a 45% os que se sentem
enganados por seu candidato. Talvez se lembrem de frases de Fernando Henrique durante a campanha pela reeleição, como: "Quando se desvaloriza o câmbio quem
paga é o povo. O dever de um governante é defender a moeda".
Ou ainda, logo depois da posse:
"Não fui eleito para resolver uma
crise, que é passageira, mas para
criar empregos, impedir a volta da
inflação e manter a estabilidade".
Outros 52% que votaram em Fernando Henrique acham que o presidente avisou que o segundo
mandato seria difícil e que quem
votou nele estava ciente de que o
governo enfrentaria um crise.
Porém, outros itens da pesquisa
indicam que o grau de desconfiança em relação ao governo está aumentando. Em 15 de janeiro, 65%
achavam que a crise tinha escapado ao controle do presidente. Hoje,
já são 70% dos paulistanos.
Só 19% acham que o Brasil não
poderia escapar de uma crise que é
mundial. Outros 16% atribuem a
maior parcela de culpa ao Congresso. A maioria absoluta, 60%,
diz que, apesar desses fatores, o
principal responsável é o governo
porque não soube proteger o real.
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