São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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DATAFOLHA
Presidente tem a pior avaliação desde que assumiu, com 38% de ruim/péssimo contra 22% de bom/ótimo
Para 70% dos paulistanos, crise vence FHC


JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local


A maioria absoluta dos paulistanos (70%) acha que Fernando Henrique Cardoso perdeu o controle sobre a crise econômica, e 60% dizem que o governo é o principal responsável por ela. Para 59%, FHC enganou seus eleitores ao afirmar que manteria a estabilidade do real.
Essas são algumas das principais conclusões de pesquisa Datafolha feita na quinta-feira na cidade de São Paulo. Em todos os aspectos, o levantamento encontrou os piores resultados de avaliação do governo desde que FHC está no poder.
A popularidade do presidente chegou a seu ponto mais baixo desde que ele assumiu o cargo pela primeira vez, em janeiro de 1995. Para 38% dos entrevistados, o desempenho de Fernando Henrique é ruim ou péssimo, contra 22% que o consideram bom ou ótimo.
É a terceira vez no histórico de pesquisas que a reprovação de FHC supera sua aprovação entre os paulistanos. A primeira vez foi logo após o massacre dos sem-terra em Eldorado de Carajás (Pará), em abril de 1996.
Mas naquela ocasião a diferença foi menor: 33% de ruim/péssimo contra 25% de ótimo/bom. A segunda vez foi há 15 dias, quando a reprovação chegou a 31%.
A nota média atribuída ao governo também é a mais baixa da série de avaliações iniciada em fevereiro de 1995: 4,5.
Para 43% dos paulistanos, o desempenho do governo no combate à crise econômica é ruim ou péssimo. Outros 41% consideram-no regular, e 14%, bom ou ótimo.
Se a eleição presidencial se repetisse hoje, 50% dos eleitores da cidade de São Paulo e que afirmam ter votado em FHC em 4 de outubro mudariam seu voto.
Dessa metade de eleitores arrependidos, 28% dizem que votariam hoje em Ciro Gomes (PPS), 26% votariam em branco ou anulariam, e 24% optariam por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Por consequência, a disputa eleitoral se tornaria muito mais acirrada: haveria um empate técnico entre FHC e Lula, de 29% a 26% das intenções de voto. Além disso, haveria 16% que escolheriam Ciro.
Com o governador Mário Covas (SP) substituindo FHC como candidato tucano, Lula seria o mais votado na capital, com 22%, tecnicamente empatado com Covas (19%) e Paulo Maluf (18%).
Ciro Gomes teria 14% entre os paulistanos.
A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A maioria dos paulistanos acha que FHC enganou seus eleitores ao afirmar que controlaria a crise.
Embora os maiores percentuais de entrevistados que concordam com essa afirmação sejam de quem votou em candidatos da oposição na eleição presidencial (80% dos eleitores de Lula e 76% dos que votaram em Ciro Gomes), a taxa também é alta entre os próprios eleitores de FHC.
Chegam a 45% os que se sentem enganados por seu candidato. Talvez se lembrem de frases de Fernando Henrique durante a campanha pela reeleição, como: "Quando se desvaloriza o câmbio quem paga é o povo. O dever de um governante é defender a moeda".
Ou ainda, logo depois da posse: "Não fui eleito para resolver uma crise, que é passageira, mas para criar empregos, impedir a volta da inflação e manter a estabilidade".
Outros 52% que votaram em Fernando Henrique acham que o presidente avisou que o segundo mandato seria difícil e que quem votou nele estava ciente de que o governo enfrentaria um crise.
Porém, outros itens da pesquisa indicam que o grau de desconfiança em relação ao governo está aumentando. Em 15 de janeiro, 65% achavam que a crise tinha escapado ao controle do presidente. Hoje, já são 70% dos paulistanos.
Só 19% acham que o Brasil não poderia escapar de uma crise que é mundial. Outros 16% atribuem a maior parcela de culpa ao Congresso. A maioria absoluta, 60%, diz que, apesar desses fatores, o principal responsável é o governo porque não soube proteger o real.



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