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São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2003

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TENSÃO NO CAMPO

No total, 9 propriedades estão ocupadas com 2.410 famílias do MST no Estado; movimento promete novas ações

Sem-terra invadem mais 6 fazendas em PE

DA AGÊNCIA FOLHA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ampliou o número de invasões em Pernambuco no final de semana. Além de usarem a mesma reivindicação para justificar as ações -agilidade nos processos de reforma agrária-, os sem-terra alegam que as invasões fazem parte de homenagem aos 19 mortos no massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996.
Desde a noite de sexta, foram mais seis invasões. Ao todo, desde a madrugada de quinta, já são nove fazendas invadidas, totalizando 2.410 famílias, segundo o MST, que ameaça fazer uma série de outras ações pelo Estado em abril.
Entre as propriedades invadidas pelos sem-terra no Estado de Pernambuco, estão a fazenda Barra Verde, em Pedra, a fazenda Mauricéia, em Passira, e a fazenda Feijão, em São José do Belmonte.
O movimento foi intensificado na noite de sexta-feira, quando 50 famílias invadiram a fazenda Brejão, em Sairé (135 km de Recife).
No sábado, as invasões aconteceram na fazenda Tapera (250 famílias), em Petrolina, divisa com o Estado da Bahia, na fazenda Cajueiro (230), em Santa Maria da Boa Vista, na fazenda São Joaquim (600), em Canhotinho, no engenho Conceição (300), em Primavera, e no engenho Bananal (450), em Jaqueira.
Segundo o coordenador estadual do MST, Jaime Amorim, a principal razão das invasões é o Dia Internacional de Luta pela Reforma Agrária. "Homenageamos os mortos no massacre de Carajás ocupando latifúndios improdutivos. Devemos fazer outras ações nos próximos dias."
Hoje, uma caravana de deputados estaduais e federais e o ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, deverão vistoriar a usina Aliança, no litoral norte de Pernambuco.

Marcha
A programação do MST no Estado inclui ainda uma marcha dos trabalhadores pela cidade de Escada (a 57 km de Recife), no próximo dia 13. As ações também visam agilizar os processos de desapropriação de propriedades consideradas improdutivas e que estão sendo negociados pelas superintendências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Petrolina e Recife.
Algumas dessas desapropriações estão sendo reivindicadas pelo MST há mais de um ano, de acordo com o movimento.
O MST critica o fato de o Incra, até gora, não ter conseguido montar uma equipe de trabalho em Recife nem sequer nomeado o superintendente em Petrolina.
Os sem-terra são contra as indicações para a superintendência do órgão em Petrolina feitas no final da semana pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Em nota, o MST diz que os nomes têm "se pronunciado política e ideologicamente contra a reforma agrária, desconhecendo o processo e sendo favoráveis à produção de produtos transgênicos, além de trazer para o Incra todo um vício administrativo da antiga Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural)".
Nenhum representante do Incra estadual foi localizado ontem para comentar as ações e as críticas feitas pelo movimento.

Marabá
O presidente do Incra, Marcelo Resende, vai visitar a sede do órgão em Marabá (sul do Pará) hoje para negociar a retirada do grupo de sem-terra que invadiu o local no dia 17 de março. A presença de Resende em Marabá era uma exigência dos sem-terra para discutir a desocupação do prédio.
Eles dizem que só aceitam sair do local se o Incra concordar com sua pauta de reivindicações, que inclui a indicação do cargo de superintendente em Marabá.
Os sem-terra se opõem à indicação da ex-vereadora do PT Bernadete ten Caten -publicada na semana passada no "Diário Oficial" da União- e querem que o cargo seja ocupado pelo coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) José Batista Gonçalves, também petista.
(ADRIANA CHAVES)


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