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TENSÃO NO CAMPO
No total, 9 propriedades estão ocupadas com 2.410 famílias do MST no Estado; movimento promete novas ações
Sem-terra invadem mais 6 fazendas em PE
DA AGÊNCIA FOLHA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ampliou o número de invasões em
Pernambuco no final de semana.
Além de usarem a mesma reivindicação para justificar as ações
-agilidade nos processos de reforma agrária-, os sem-terra alegam que as invasões fazem parte
de homenagem aos 19 mortos no
massacre de Eldorado do Carajás,
ocorrido em 17 de abril de 1996.
Desde a noite de sexta, foram
mais seis invasões. Ao todo, desde
a madrugada de quinta, já são nove fazendas invadidas, totalizando 2.410 famílias, segundo o MST,
que ameaça fazer uma série de
outras ações pelo Estado em abril.
Entre as propriedades invadidas
pelos sem-terra no Estado de Pernambuco, estão a fazenda Barra
Verde, em Pedra, a fazenda Mauricéia, em Passira, e a fazenda Feijão, em São José do Belmonte.
O movimento foi intensificado
na noite de sexta-feira, quando 50
famílias invadiram a fazenda Brejão, em Sairé (135 km de Recife).
No sábado, as invasões aconteceram na fazenda Tapera (250 famílias), em Petrolina, divisa com
o Estado da Bahia, na fazenda Cajueiro (230), em Santa Maria da
Boa Vista, na fazenda São Joaquim (600), em Canhotinho, no
engenho Conceição (300), em Primavera, e no engenho Bananal
(450), em Jaqueira.
Segundo o coordenador estadual do MST, Jaime Amorim, a
principal razão das invasões é o
Dia Internacional de Luta pela Reforma Agrária. "Homenageamos
os mortos no massacre de Carajás
ocupando latifúndios improdutivos. Devemos fazer outras ações
nos próximos dias."
Hoje, uma caravana de deputados estaduais e federais e o ouvidor agrário nacional, Gercino José
da Silva Filho, deverão vistoriar a
usina Aliança, no litoral norte de
Pernambuco.
Marcha
A programação do MST no Estado inclui ainda uma marcha dos
trabalhadores pela cidade de Escada (a 57 km de Recife), no próximo dia 13. As ações também visam agilizar os processos de desapropriação de propriedades consideradas improdutivas e que estão sendo negociados pelas superintendências do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de Petrolina e Recife.
Algumas dessas desapropriações estão sendo reivindicadas
pelo MST há mais de um ano, de
acordo com o movimento.
O MST critica o fato de o Incra,
até gora, não ter conseguido montar uma equipe de trabalho em
Recife nem sequer nomeado o superintendente em Petrolina.
Os sem-terra são contra as indicações para a superintendência
do órgão em Petrolina feitas no final da semana pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário.
Em nota, o MST diz que os nomes têm "se pronunciado política
e ideologicamente contra a reforma agrária, desconhecendo o
processo e sendo favoráveis à produção de produtos transgênicos,
além de trazer para o Incra todo
um vício administrativo da antiga
Emater (Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural)".
Nenhum representante do Incra estadual foi localizado ontem
para comentar as ações e as críticas feitas pelo movimento.
Marabá
O presidente do Incra, Marcelo
Resende, vai visitar a sede do órgão em Marabá (sul do Pará) hoje
para negociar a retirada do grupo
de sem-terra que invadiu o local
no dia 17 de março. A presença de
Resende em Marabá era uma exigência dos sem-terra para discutir
a desocupação do prédio.
Eles dizem que só aceitam sair
do local se o Incra concordar com
sua pauta de reivindicações, que
inclui a indicação do cargo de superintendente em Marabá.
Os sem-terra se opõem à indicação da ex-vereadora do PT Bernadete ten Caten -publicada na semana passada no "Diário Oficial"
da União- e querem que o cargo
seja ocupado pelo coordenador
da CPT (Comissão Pastoral da
Terra) José Batista Gonçalves,
também petista.
(ADRIANA CHAVES)
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