São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O RELATÓRIO

Relatório mostra como empresas abasteceram esquema com serviços que não foram executados e empréstimos que não foram pagos

"Valerioduto" se dividiu em seis fases, diz CPI

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório final da CPI dos Correios, apresentado anteontem pelo relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), identificou seis fases distintas de financiamento do "valerioduto", uma das quais bancada por cerca de R$ 2,3 milhões transferidos das siderúrgicas Usiminas e Cosipa por supostos serviços de publicidade.
A companhia telefônica Brasil Telecom é também apontada como a origem de R$ 800 mil usados no "valerioduto". Juntas, as empresas privadas bancaram cerca de 5,5% do "valerioduto" (R$ 55 milhões), segundo o relatório. O restante veio de empréstimos contraídos em bancos, e nunca pagos, e de adiantamentos feitos pelo Banco do Brasil.
Segundo a CPI, pagamentos feitos pelas empresas às agências do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza foram usados no esquema de pagamento de parlamentares da base aliada do governo Lula no Congresso.
As empresas, em diferentes oportunidades, afirmaram que os pagamentos a Valério devem-se a serviços prestados. O publicitário, procurado ontem, não se manifestou sobre o relatório.
O relatório de Serraglio descreve seis fases diferentes de alimentação do esquema petista.
Entre fevereiro e maio de 2003, os recursos eram das próprias empresas de Valério e de um empréstimo de R$ 12 milhões tomado no Banco BMG.
De julho a agosto do mesmo ano, os recursos vieram de uma captação de R$ 9,7 milhões no Banco do Brasil, de R$ 19 milhões emprestados do Banco Rural e de recursos da Brasil Telecom.
De setembro a dezembro de 2003, recursos vieram de outra operação de R$ 10 milhões no Banco Rural.

Visanet
A quarta fase do "valerioduto", de janeiro a março de 2004, trouxe como novidade os recursos de publicidade adiantados pelo Banco do Brasil por meio da Visanet, empresa formada por bancos públicos e privados para administrar rede de cartões de crédito.
De abril a julho de 2004, uma nova injeção de R$ 10 milhões veio do Banco BMG, depositados na conta da empresa de Rogério Tolentino, sócio de Valério, além de aquisição de certificados de depósito bancário, pela empresa de publicidade DNA, com recursos vindos também da Visanet. De agosto de 2004 em diante, os recurso vieram da Usiminas e Cosipa e, novamente, dos adiantamentos feitos pela Visanet.


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