São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2006

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CPI poupa ao menos 3 deputados mineiros

LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios livrou de pedido de indiciamento no relatório final pelo menos três deputados mineiros que receberam dinheiro das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza durante a campanha de reeleição do então governador tucano Eduardo Azeredo em Minas Gerais, em 1998.
Segundo dados a que a Folha teve acesso, Custódio de Mattos (PSDB), Romel Anízio (PP) e José Militão (PTB) receberam da SMPB (agência da qual Valério era sócio), respectivamente, R$ 20 mil, R$ 100 mil e 20 mil naquele ano. Apesar de dispor dos registros financeiros, a CPI publicou nos anexos do relatório final apenas parte das informações, sem mencionar, por exemplo, os valores dos pagamentos.
Segundo o relator-adjunto Eduardo Paes (PSDB-RJ), a publicação de beneficiários de pagamentos das empresas de Valério entre anexos do relatório final teria fugido ao controle do comando da CPI. Questionado sobre critérios para a exclusão dos deputados, Paes não soube explicar.
A CPI dos Correios concluiu na semana passada levantamento com cerca de 50 nomes de assessores parlamentares que ou estiveram na agência do Banco Rural ou receberam recursos de empresas e corretoras ligadas ao "valerioduto". Esses nomes tampouco foram mencionados no relatório final. Os dados devem ser enviados para o Ministério Público.
A CPI pediu o indiciamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por crime eleitoral, já prescrito, mas não fez menção aos deputados mineiros no texto.

Outro lado
Eduardo Azeredo voltou a afirmar que desconhecia a existência do empréstimo obtido pela DNA no Banco Rural para custear gastos de sua campanha em 1998.
Já o deputado José Militão afirmou que nada tem a ver com o "mensalão". Disse que seu funcionário deu a primeira versão por se recordar de ter ido ao Banco Rural para descontar cheques referentes a uma carreta que vendera. Por sua vez, Custódio de Mattos insistiu que desconhecia o responsável pelo depósito em sua conta. Os R$ 20 mil que recebeu em 1998 foram usados, segundo o deputado, para cobrir pequenas despesas de campanha.
Romel Anízio afirmou que o depósito de R$ 100 mil em sua conta em setembro de 1998 não identificava o responsável pelo pagamento. Anízio diz que, para ele, o pagamento "tinha ocorrido via coordenação de campanha e não por uma empresa".


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