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Izar afasta deputada que dançou
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética da Câmara, Ricardo Izar
(PTB-SP), determinou ontem o
afastamento da deputada Angela
Guadagnin (PT-SP) do órgão. A
decisão ocorreu depois que ela
dançou no plenário comemorando a absolvição de um deputado.
Ela disse que vai lutar para ficar.
Na semana que vem, deve ser
aberto processo contra a petista
no próprio conselho. Ela comemorou, há nove dias, a absolvição
de seu colega de partido João
Magno (MG), um dos acusados
no escândalo do "mensalão".
Uma representação contra Guadagnin, formulada pelo PPS, foi
apresentada ontem diretamente
ao conselho, o que é uma prerrogativa de partidos políticos.
Seguindo o rito burocrático da
Câmara, a representação do PPS
segue para a Mesa Diretora, que o
numera e devolve ao conselho,
formalmente instalando processo
disciplinar. Um relator será então
nomeado, provavelmente na próxima terça-feira.
A representação do PPS não pede a cassação da petista, mas apenas o exame da possível quebra de
decoro parlamentar em razão da
dança, que pode resultar em uma
sanção mais leve, como advertência ou suspensão.
O argumento de Izar para determinar o afastamento de Guadagnin é o de que ela não pode ser juíza e ré ao mesmo tempo. "É um
afastamento temporário, enquanto durar o processo", declarou.
Neste período fica em seu lugar a
deputada Neyde Aparecida (PT-GO), suplente de Guadagnin.
Izar se baseia no Código de Ética da Câmara, que diz, em seu artigo 7º: "O recebimento de representação contra membro do conselho [...] constitui causa para seu
imediato afastamento da função,
a ser aplicado de oficio por seu
presidente, devendo perdurar até
decisão final sobre o caso".
A petista ontem não foi à reunião do conselho. Ela não quis comentar seu afastamento. Por sua
assessoria, declarou que tomou
conhecimento informalmente da
representação do PPS e que vai estudar que providências tomar. A
regra pela qual ela teria que deixar
automaticamente o conselho não
seria clara, de acordo com a deputada. Ela pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça.
A dança da deputada novamente tomou parte da sessão do conselho ontem. Em meio à avalanche de críticas que Guadagnin recebeu, veio uma defesa da oposição: Edmar Moreira (PFL-MG)
pediu um basta. "Chega! Chega! A
deputada cometeu um ato reprovável, mas é hora de ter respeito.
Se não à mulher-deputada, pelo
menos à mulher-mulher."
Guadagnin, que é relatora do
processo contra o deputado José
Janene (PP-PR), será substituída
por outro relator que será nomeado por Izar.
(FÁBIO ZANINI)
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