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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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DISCURSO OFICIAL

Ataques às reformas e à política econômica se intensificam; Gushiken e Duda discutem novas propagandas

"Bola de neve" de críticas preocupa governo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com o recrudescimento das críticas à política econômica e às reformas tributária e previdenciária, o governo prepara nova ofensiva de comunicação com o objetivo de vender à opinião pública seus pontos de vista. A orientação geral aos membros do governo é de que devem falar e rebater críticas para evitar uma bola de neve.
O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão Estratégica) já discute com o publicitário Duda Mendonça, que fez a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma nova rodada de propaganda para defender as reformas.
Parlamentares da ala moderada do PT discutem o lançamento de um manifesto para rebater o lançado anteontem por 30 parlamentares da esquerda petista. Intitulado "Tomar o Rumo do Crescimento Já!", o manifesto, que não tinha assinaturas dos chamados radicais para dar caráter mais amplo às críticas, bateu na política econômica do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"O manifesto que foi lançado marcou a posição da minoria na bancada. Nos próximos dias, a maioria dirá qual é sua posição. Pode até ser por manifesto também, mas será mais do que isso. Vamos discutir o funcionamento da bancada por maioria, que é a regra do PT", diz o vice-líder da bancada, o deputado federal Paulo Bernardo (PR).
O próprio Lula, que havia decidido ser mais econômico nos discursos e pronunciamentos, deverá voltar à carga, como fez anteontem, para não deixar os críticos ganharem espaço sozinhos nas manchetes. Duda diz que Lula é o melhor comunicador do governo. Anteontem, quando veio a notícia de estagnação da economia no início da era Lula, o presidente vendia otimismo em uma visita a uma montadora de automóveis no ABC paulista.
Na quinta-feira, a assessoria de comunicação do ministro Gushiken fez uma ampla reunião com as assessorias de comunicação de todos os partidos aliados na Câmara. Segundo a Folha apurou no Planalto, o objetivo é azeitar canais para municiar deputados aliados a rebater críticas.
O governo avalia que, agora que as reformas passarão para as comissões especiais, onde há discussão de conteúdo, o debate poderá ficar ainda mais radicalizado. Ou seja, a discussão dura com radicais e críticos contumazes do governo, como o presidente do PDT, Leonel Brizola, estaria apenas começando.
Como ainda não há contratação de Duda Mendonça pelo governo, o publicitário tem feito trabalhos para o PT que acabam chegando à mesa do presidente e dos principais membros do governo. Basicamente, são pesquisas, análises de comunicação e orientações para discursos de Lula.
Já havia preocupação do governo em partir para uma nova ofensiva de mídia. O presidente, por exemplo, disse ao governador Germano Rigotto (PMDB-RS) que o governo estava perdendo a batalha de comunicação na reforma da Previdência.

Sem trégua
O Planalto imaginava ter nesta semana uma espécie de trégua após a batalha da semana anterior, quando houve intensa crítica de membros do governo à manutenção dos juros básicos da economia em 26,5% ao ano. No entanto, as críticas aumentaram.
A reforma tributária de Palocci recebeu críticas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e parlamentares da esquerda petista também fizeram críticas ao ministro da Fazenda.
O ministro José Dirceu (Casa Civil) foi vaiado anteontem por servidores públicos em evento na Assembléia Legislativa de São Paulo ao defender a reforma da Previdência.


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