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DISCURSO OFICIAL
Ataques às reformas e à política econômica se intensificam; Gushiken e Duda discutem novas propagandas
"Bola de neve" de críticas preocupa governo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupado com o recrudescimento das críticas à política econômica e às reformas tributária e
previdenciária, o governo prepara
nova ofensiva de comunicação
com o objetivo de vender à opinião pública seus pontos de vista.
A orientação geral aos membros
do governo é de que devem falar e
rebater críticas para evitar uma
bola de neve.
O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica) já discute com o publicitário Duda Mendonça, que
fez a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
uma nova rodada de propaganda
para defender as reformas.
Parlamentares da ala moderada
do PT discutem o lançamento de
um manifesto para rebater o lançado anteontem por 30 parlamentares da esquerda petista. Intitulado "Tomar o Rumo do Crescimento Já!", o manifesto, que
não tinha assinaturas dos chamados radicais para dar caráter mais
amplo às críticas, bateu na política econômica do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
"O manifesto que foi lançado
marcou a posição da minoria na
bancada. Nos próximos dias, a
maioria dirá qual é sua posição.
Pode até ser por manifesto também, mas será mais do que isso.
Vamos discutir o funcionamento
da bancada por maioria, que é a
regra do PT", diz o vice-líder da
bancada, o deputado federal Paulo Bernardo (PR).
O próprio Lula, que havia decidido ser mais econômico nos discursos e pronunciamentos, deverá voltar à carga, como fez anteontem, para não deixar os críticos ganharem espaço sozinhos
nas manchetes. Duda diz que Lula
é o melhor comunicador do governo. Anteontem, quando veio a
notícia de estagnação da economia no início da era Lula, o presidente vendia otimismo em uma
visita a uma montadora de automóveis no ABC paulista.
Na quinta-feira, a assessoria de
comunicação do ministro Gushiken fez uma ampla reunião com
as assessorias de comunicação de
todos os partidos aliados na Câmara. Segundo a Folha apurou no
Planalto, o objetivo é azeitar canais para municiar deputados
aliados a rebater críticas.
O governo avalia que, agora que
as reformas passarão para as comissões especiais, onde há discussão de conteúdo, o debate poderá
ficar ainda mais radicalizado. Ou
seja, a discussão dura com radicais e críticos contumazes do governo, como o presidente do
PDT, Leonel Brizola, estaria apenas começando.
Como ainda não há contratação
de Duda Mendonça pelo governo,
o publicitário tem feito trabalhos
para o PT que acabam chegando à
mesa do presidente e dos principais membros do governo. Basicamente, são pesquisas, análises
de comunicação e orientações para discursos de Lula.
Já havia preocupação do governo em partir para uma nova ofensiva de mídia. O presidente, por
exemplo, disse ao governador
Germano Rigotto (PMDB-RS)
que o governo estava perdendo a
batalha de comunicação na reforma da Previdência.
Sem trégua
O Planalto imaginava ter nesta
semana uma espécie de trégua
após a batalha da semana anterior, quando houve intensa crítica
de membros do governo à manutenção dos juros básicos da economia em 26,5% ao ano. No entanto, as críticas aumentaram.
A reforma tributária de Palocci
recebeu críticas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo).
A CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) e parlamentares da esquerda petista também
fizeram críticas ao ministro da Fazenda.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) foi vaiado anteontem por
servidores públicos em evento na
Assembléia Legislativa de São
Paulo ao defender a reforma da
Previdência.
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