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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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Genoino ironiza manifesto dos trinta petistas

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O presidente do PT, José Genoino, recorreu à ironia ontem, ao comentar o manifesto assinado por 30 deputados petistas de alas mais à esquerda que pede retomada do crescimento e critica as propostas do governo nas reformas da Previdência e tributária. Genoino comparou as posições do grupo sobre a política econômica às da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).
"Não concordo com o seu conteúdo [do documento dos petistas], até porque o conteúdo está muito parecido com o que a Fiesp falou, com o que alguns empresários falaram", afirmou. Genoino disse ainda considerar normal "ter petistas que se afinam com alguns empresários": "Isso faz parte do caráter democrático do PT".
Na última quarta-feira, a Fiesp divulgou uma carta na qual expressou preocupação com "lacunas" do texto da reforma tributária que permitem o aumento da carga tributária e "consagram" a cumulatividade dos impostos. Na quinta-feira, os petistas divulgaram seu manifesto.
Genoino fez a comparação ao responder a um jornalista que citou o trecho do manifesto: "Cresce, no partido do governo, o número dos que se apercebem da impossibilidade de combinar política econômica conservadora com política social progressista".
Para o presidente do PT, o manifesto "é normal e marca posição agora da mesma forma que marcou na discussão da emenda constitucional de regulamentação do artigo 192 [que abriu caminho à autonomia do BC]". À época, cerca de 30 deputados reagiram, mas votaram com o governo.
Ele ainda disse que o manifesto divulgado anteontem "traz uma visão artificial, que não corresponde à realidade". O programa do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Genoino, é articulado e leva em conta a soberania nacional, com uma política externa respeitada lá fora, à cidadania, com garantia de emprego, assistência e reforma agrária.
Genoino passou parte do dia em Curitiba, por onde começou um roteiro de viagens pelo Sul, neste final de semana, com a tarefa de tentar convencer as bases do partido de que as reformas são necessárias. "O PT não vai ficar refém de meia dúzia de funcionários públicos que não querem mudar nada no país", disse, ao comentar as vaias com que o ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi recebido na Assembléia Legislativa de São Paulo, anteontem.
Ao analisar os índices sociais divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que apontam estagnação econômica e deflação, o dirigente do PT mencionou o cenário de risco com que Lula assumiu. "Estamos fazendo uma travessia delicada (...). O país não pode quebrar", disse, em defesa da política adotada. "Nosso programa de geração de emprego, reforma agrária, distribuição de renda e melhora dos investimentos nas políticas públicas é para quatro anos", afirmou.
Entre os que recepcionaram Genoino em Curitiba estava o deputado federal Dr. Rosinha, que assinou o manifesto em defesa de "crescimento já".


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