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Genoino ironiza
manifesto dos
trinta petistas
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O presidente do PT, José Genoino, recorreu à ironia ontem, ao
comentar o manifesto assinado
por 30 deputados petistas de alas
mais à esquerda que pede retomada do crescimento e critica as
propostas do governo nas reformas da Previdência e tributária.
Genoino comparou as posições
do grupo sobre a política econômica às da Fiesp (Federação das
Indústrias de São Paulo).
"Não concordo com o seu conteúdo [do documento dos petistas], até porque o conteúdo está
muito parecido com o que a Fiesp
falou, com o que alguns empresários falaram", afirmou. Genoino
disse ainda considerar normal
"ter petistas que se afinam com alguns empresários": "Isso faz parte
do caráter democrático do PT".
Na última quarta-feira, a Fiesp
divulgou uma carta na qual expressou preocupação com "lacunas" do texto da reforma tributária que permitem o aumento da
carga tributária e "consagram" a
cumulatividade dos impostos. Na
quinta-feira, os petistas divulgaram seu manifesto.
Genoino fez a comparação ao
responder a um jornalista que citou o trecho do manifesto: "Cresce, no partido do governo, o número dos que se apercebem da
impossibilidade de combinar política econômica conservadora
com política social progressista".
Para o presidente do PT, o manifesto "é normal e marca posição
agora da mesma forma que marcou na discussão da emenda
constitucional de regulamentação
do artigo 192 [que abriu caminho
à autonomia do BC]". À época,
cerca de 30 deputados reagiram,
mas votaram com o governo.
Ele ainda disse que o manifesto
divulgado anteontem "traz uma
visão artificial, que não corresponde à realidade". O programa
do governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, segundo Genoino, é articulado e leva em conta a soberania
nacional, com uma política externa respeitada lá fora, à cidadania,
com garantia de emprego, assistência e reforma agrária.
Genoino passou parte do dia em
Curitiba, por onde começou um
roteiro de viagens pelo Sul, neste
final de semana, com a tarefa de
tentar convencer as bases do partido de que as reformas são necessárias. "O PT não vai ficar refém
de meia dúzia de funcionários públicos que não querem mudar nada no país", disse, ao comentar as
vaias com que o ministro da Casa
Civil, José Dirceu, foi recebido na
Assembléia Legislativa de São
Paulo, anteontem.
Ao analisar os índices sociais divulgados pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) que apontam estagnação econômica e deflação, o dirigente do
PT mencionou o cenário de risco
com que Lula assumiu. "Estamos
fazendo uma travessia delicada
(...). O país não pode quebrar",
disse, em defesa da política adotada. "Nosso programa de geração
de emprego, reforma agrária, distribuição de renda e melhora dos
investimentos nas políticas públicas é para quatro anos", afirmou.
Entre os que recepcionaram Genoino em Curitiba estava o deputado federal Dr. Rosinha, que assinou o manifesto em defesa de
"crescimento já".
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