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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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TENSÃO NO CAMPO

Mais integrantes do MST chegam à fazenda Três Marias, onde 1.100 trabalhadores rurais estão há 19 dias

700 sem-terra engrossam invasão no PR

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O clima de tensão entre sem-terra e ruralistas aumentou ontem em Manoel Ribas (PR). Pela manhã, cerca de 700 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo a Polícia Militar, invadiram a fazenda Três Marias, se unindo a outros 1.100 sem-terra que estão no local há 19 dias.
Em Ponta Grossa (PR), aproximadamente 400 trabalhadores rurais ligados ao MST invadiram uma área do governo federal.
A ação de ontem em Manoel Ribas faz parte de uma tática do MST de unir forças no local para enfrentar fazendeiros da região, que mantêm um acampamento à margem da PR-487, em frente à entrada da propriedade.
A invasão de ontem revoltou os ruralistas. "A Polícia Militar permitiu a entrada dos sem-terra, isso é uma ilegalidade. Nós só vamos sair da porta da fazenda mortos. Eles [os sem-terra] vão ter de passar por cima de nossos cadáveres", afirmou Narciso Rocha Clara, presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais). Representantes da UDR (União Democrática Ruralista) também estão no local.
Negando uma suposta conivência com a invasão de ontem, a Polícia Militar do Paraná afirmou ter evitado o que seria um iminente confronto entre sem-terra, vindos de Jardim Alegre e Corumbataí do Sul, e fazendeiros armados.
Por volta das 8h, os sem-terra desmontaram seus acampamentos nas cidades vizinhas e partiram rumo à fazenda Três Marias. Segundo a PM, eles utilizaram 20 caminhões e oito ônibus.
"Na metade do caminho, conseguimos desviar todos os sem-terra para uma estrada secundária até que eles chegassem a uma entrada pelos fundos da fazenda", disse o major Antonio Aurélio Conceição, responsável pelo comando das operações na região.
Cerca de 80 PMs, vindos de cidades da região, separam os sem-terra dos ruralistas. "Um lado não consegue ver o outro. Como tem muita gente lá, não há como fazer a reintegração", disse o major. Os ruralistas querem a presença da Polícia Federal e do Exército.

Embrapa
Em Ponta Grossa, também na manhã de ontem, cerca de 400 integrantes do MST invadiram uma fazenda experimental da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
À tarde, a direção da entidade, ligada ao Ministério da Agricultura, entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse. "Será muito grave para as nossas pesquisas se a invasão prosseguir nos próximos dias", disse Herbert Cavalcante de Lima, diretor-executivo da Embrapa. Segundo ele, "não há plantação de transgênicos no local".
Em Porto Alegre (RS), 1.500 manifestantes, incluindo representantes do Cpers/Sindicato (sindicato dos professores do RS), servidores públicos ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) e integrantes da Via Campesina (entidade da qual faz parte o MST), fizeram um ato ontem contra a reforma da Previdência. Eles entregaram a representantes da superintendência regional do INSS um documento com críticas às propostas do governo federal.
Uma caminhada percorreu um trecho movimentado do centro da cidade, e panfletos foram entregues para a população.
Ruas da região tiveram de ser interditadas. Professores vindos de todo o Estado estiveram na manifestação. Ontem, eles realizaram uma paralisação.


Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre


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