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TENSÃO NO CAMPO
Mais integrantes do MST chegam à fazenda Três Marias, onde 1.100 trabalhadores rurais estão há 19 dias
700 sem-terra engrossam invasão no PR
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O clima de tensão entre sem-terra e ruralistas aumentou ontem em Manoel Ribas (PR). Pela
manhã, cerca de 700 integrantes
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), segundo a Polícia Militar, invadiram a fazenda Três Marias, se
unindo a outros 1.100 sem-terra
que estão no local há 19 dias.
Em Ponta Grossa (PR), aproximadamente 400 trabalhadores
rurais ligados ao MST invadiram
uma área do governo federal.
A ação de ontem em Manoel Ribas faz parte de uma tática do
MST de unir forças no local para
enfrentar fazendeiros da região,
que mantêm um acampamento à
margem da PR-487, em frente à
entrada da propriedade.
A invasão de ontem revoltou os
ruralistas. "A Polícia Militar permitiu a entrada dos sem-terra, isso é uma ilegalidade. Nós só vamos sair da porta da fazenda mortos. Eles [os sem-terra] vão ter de passar por cima de nossos cadáveres", afirmou Narciso Rocha
Clara, presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores
Rurais). Representantes da UDR
(União Democrática Ruralista)
também estão no local.
Negando uma suposta conivência com a invasão de ontem, a Polícia Militar do Paraná afirmou ter
evitado o que seria um iminente
confronto entre sem-terra, vindos
de Jardim Alegre e Corumbataí
do Sul, e fazendeiros armados.
Por volta das 8h, os sem-terra
desmontaram seus acampamentos nas cidades vizinhas e partiram rumo à fazenda Três Marias.
Segundo a PM, eles utilizaram 20
caminhões e oito ônibus.
"Na metade do caminho, conseguimos desviar todos os sem-terra para uma estrada secundária
até que eles chegassem a uma entrada pelos fundos da fazenda",
disse o major Antonio Aurélio
Conceição, responsável pelo comando das operações na região.
Cerca de 80 PMs, vindos de cidades da região, separam os sem-terra dos ruralistas. "Um lado não
consegue ver o outro. Como tem
muita gente lá, não há como fazer
a reintegração", disse o major. Os
ruralistas querem a presença da
Polícia Federal e do Exército.
Embrapa
Em Ponta Grossa, também na
manhã de ontem, cerca de 400 integrantes do MST invadiram uma
fazenda experimental da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
À tarde, a direção da entidade,
ligada ao Ministério da Agricultura, entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse.
"Será muito grave para as nossas
pesquisas se a invasão prosseguir
nos próximos dias", disse Herbert
Cavalcante de Lima, diretor-executivo da Embrapa. Segundo ele,
"não há plantação de transgênicos no local".
Em Porto Alegre (RS), 1.500 manifestantes, incluindo representantes do Cpers/Sindicato (sindicato dos professores do RS), servidores públicos ligados à CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e integrantes da Via Campesina (entidade da qual faz parte o
MST), fizeram um ato ontem contra a reforma da Previdência. Eles
entregaram a representantes da
superintendência regional do
INSS um documento com críticas
às propostas do governo federal.
Uma caminhada percorreu um
trecho movimentado do centro
da cidade, e panfletos foram entregues para a população.
Ruas da região tiveram de ser
interditadas. Professores vindos
de todo o Estado estiveram na
manifestação. Ontem, eles realizaram uma paralisação.
Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
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