São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Conselho de Ética adia discussão de caso Renan

Análise de representação feita pelo PSOL por indício de quebra de decoro fica para quarta

Lideranças do Senado se reuniram anteontem para traçar pauta de votação que desvie foco do escândalo envolvendo o peemedebista


FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética do Senado adiou para a próxima quarta-feira a análise da representação feita pelo PSOL contra o presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), por indícios de quebra de decoro. Em uma sessão em que o caso de Renan praticamente não foi mencionado, o senador Sibá Machado (PT-AC) foi eleito ontem presidente do órgão.
Em outra frente, lideranças do Senado se reuniram anteontem, na casa do presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), para definir uma pauta de votações com o objetivo de desviar o foco do escândalo envolvendo Renan. A avaliação predominante é que não há provas de que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagou despesas pessoais do presidente do Senado e que não há denúncia formal contra ele relativa à Operação Navalha, da Polícia Federal.
"Não há blindagem, mas não podemos deixar um senador refém de uma acusação sem provas", disse Tasso. Estavam presentes o líder do DEM, José Agripino (RN), o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Aloizio Mercadante (PT-SP), Tião Viana (PT-AC), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS).
Renan sinalizou ontem que o processo contra ele no conselho não deve prosperar. "Há um apoio unânime da Casa, com todo respeito ao PSOL. Os senadores se consideraram satisfeitos com as respostas", disse ele. "Não tem acordo, tem verdade. Eu tenho um passado, minha vida", afirmou Renan.
A bancada do PMDB se reuniria na noite de ontem em um jantar na casa do senador Wellington Salgado (MG) e a situação de Renan, cuja presença estava prevista, seria avaliada.
A Mesa Diretora, que tem que encaminhar a representação contra Renan ao Conselho de Ética, ainda não se pronunciou sobre o assunto. A Mesa é composta pelo presidente da Casa e outros sete senadores. O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, acompanhou toda a sessão do conselho ontem.
Após ser eleito presidente, Sibá afirmou que analisará, até a próxima quarta, os documentos apresentados por Renan.
"Todo o procedimento será primado pela observância à Constituição e ao regimento interno. Ouviremos as diversas opiniões", disse Sibá.
A atuação de Sibá foi questionada menos de 24 horas após ser eleito para o cargo. O senador José Nery (PSOL-PA) e o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) tentaram entregar a ele, na noite de ontem, ofício em que pediam agilidade na tramitação do processo contra Renan, mas não foram recebidos. "Sinal de que esse processo pode não ter o andamento que exigimos para o esclarecimento dos fatos", disse Nery.
A assessoria de Sibá afirmou que eles chegaram durante uma reunião com a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), e com o corregedor, senador Romeu Tuma (DEM-SP).


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