São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Lula quer que Mangabeira desista de cargo

Presidente espera que filósofo, que move processo contra Brasil Telecom, recuse convite para secretaria

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria que o filósofo Mangabeira Unger desistisse de assumir o posto de ministro da Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo, segundo apurou a Folha. A posse está marcada para 13 de junho.
No Palácio do Planalto, há um "mal-estar", nas palavras de um auxiliar direto de Lula, a respeito do processo judicial que Mangabeira move contra a Brasil Telecom, empresa de telefonia que tem fundos de pensão estatais como seus principais acionistas.
Lula, porém, não deve fazer a manifestação pública de que deseja a desistência de Mangabeira. Motivo: segundo ministros, a indicação é uma espécie de homenagem do presidente ao vice, José Alencar.
A Casa Civil pediu explicações a Mangabeira a respeito do processo, revelado ontem pela coluna "Mercado Aberto", da Folha. A ação foi protocolada na Justiça dos Estados Unidos em 30 de abril -após, portanto, do acerto para que integrasse o ministério. O governo vê com reservas o conflito judicial entre um futuro ministro e uma empresa que pertence a fundos de pensão oficiais.

Demora
Além desse processo, Lula está contrariado com a demora de Mangabeira em tomar posse e com suas relações com o banqueiro Daniel Dantas. O banqueiro teve uma disputa com os fundos de pensão a respeito do controle acionário da Brasil Telecom. Quando Dantas comandava a empresa, contratou Mangabeira como consultor. O filósofo teria recebido US$ 2 milhões pelo trabalho.
Em conversas reservadas, o presidente deixa claro que não gosta de Mangabeira, que classificou o primeiro mandato do petista com o mais corrupto da história, em artigo na Folha. Mangabeira disse que mudou de idéia, mas a nomeação é criticada até hoje por auxiliares do presidente e por integrantes da cúpula do PT.
Questionado nas reuniões internas do governo sobre o motivo da indicação de Mangabeira, Lula disse que a fizera a pedido de Alencar. O presidente gosta do vice, a quem é grato. Disse aos auxiliares que Alencar não lhe pediu nenhum cargo na reforma ministerial do segundo mandato.
Numa conversa dos dois, o presidente perguntou se ele tinha desejo de fazer alguma indicação no segundo governo. O vice apontou Mangabeira. Ambos são filiados ao PRB (Partido Republicano Brasileiro).
O presidente Lula chegou a dizer que Alencar tinha crédito com ele, pois foi seu companheiro de chapa em 2002, quando, na condição de grande empresário, ajudou o Lula a conquistar credibilidade entre os agentes econômicos.
Na secretaria, Mangabeira teria a missão de criar projetos de longo prazo. A estrutura da secretaria será resultado da união do NAE (Núcleo de Assuntos Especiais) e do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, antes subordinado ao Ministério do Planejamento).


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