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Assembléia Legislativa do Rio revoga a prisão de deputado preso em ação da PF
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
O plenário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro decidiu, por 40 votos a 15, revogar a
prisão do deputado estadual e
ex-chefe da Polícia Civil Álvaro
Lins (PMDB), preso anteontem pela Polícia Federal, na
Operação Segurança Pública
S/A. Os autos do processo, foram enviados à Corregedoria
da Casa para análise sobre a
possibilidade de abertura de
processo de cassação por falta
de decoro parlamentar.
Lins deixou a sede da Polícia
Federal onde estava preso às
17h30 para fazer exame de corpo de delito e depois foi para casa. Ele é acusado de comandar
grupo de policiais civis que dava proteção a contraventores e
de exigir pagamento de propina
pela titularidade de delegacias,
quando foi chefe de Polícia Civil no Rio. O ex-governador Anthony Garotinho também foi
denunciado como o "chefe
maior do esquema".
A Procuradoria da Alerj deu
parecer afirmando ter havido
ilegalidade na prisão, alegando
que a lavagem de dinheiro
-crime pelo qual foi preso em
flagrante- não é crime inafiançável. Os procuradores ignoraram o fato de que a lei de Lavagem de Dinheiro, 9.613/98, tem
artigo explicitando que o crime
é inafiançável.
O presidente da Alerj, Jorge
Picciani (PMDB), é do mesmo
partido de Lins e do ex-governador Anthony Garotinho. A
Constituição Federal determina que a Assembléia decida sobre a manutenção da prisão de
um deputado. A Comissão de
Constituição e Justiça foi quase
unânime (6 a 1) em aprovar a
soltura de Lins. No plenário,
houve críticas acaloradas à liberação do deputado.
"A posição que ocupou [chefe
de Polícia] pode dificultar o recolhimento de provas? Estamos preocupados com a origem
dos mandatos [referência à suspeita de que os recursos para a
campanha são ilícitos]", disse
Paulo Ramos (PDT).
O relator do caso na CCJ,
Luiz Paulo Corrêa da Rocha
(PSDB) defendeu a análise
"técnica" da decisão, após os
deputados que defendiam a
soltura abandonarem a tese da
Procuradoria, de lavagem de
dinheiro ser inconstitucional.
"O voto diz unicamente respeito à prisão em flagrante. O deputado [Lins] tem de responder no foro adequado", disse.
O momento de maior tensão
foi quando a deputada Cidinha
Campos (PDT) atacou a Alerj e
disse que seus integrantes estavam votando "em causa própria". "A Casa tem competência para tirá-lo do xadrez, mas
não tem legitimidade, porque
40% dos seus membros estão
envolvidos com a marginalidade. Estamos implantando no
Legislativo o poder da bandidagem, da falcatrua", afirmou.
Seis dos presos na Operação
Segurança Pública S/A haviam
sido homenageados pela Alerj,
entre eles o próprio Álvaro Lins
e o seu sucessor na chefia de
Polícia Civil, Ricardo Hallak.
Para o deputado Paulo Melo
(PMDB), líder do governo e do
partido de Lins, "a prisão é exceção, a regra é a liberdade".
"Meu voto [pela libertação] é
individual, não institucional."
Marcelo Freixo (PSOL) afirmou, ao contrário do que alegava a maioria, que a decisão dos
colegas foi política, não técnica.
"Essa prisão é fruto de dois
anos de investigação da PF ,
com a anuência da Justiça. E a
Alerj decidiu assim, sem sequer
ler os autos", disse.
O advogado de Lins, Ubiratan Guedes, foi à Alerj e considerou a decisão acertada. "Valeu a Constituição. É direito do
parlamentar ter imunidade."
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