São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Ex-governador usou documento anterior ao caso

DA SUCURSAL DO RIO

Sem informar datas, a defesa do ex-governador do Rio Anthony Garotinho apresentou um documento de dezembro de 2003 como explicação para uma conversa telefônica que ele só viria a manter quase três anos depois.
Grampeado pela Polícia Federal, o telefonema ocorreu em 10 de novembro de 2006, entre Garotinho e o delegado Álvaro Lins, à época deputado estadual eleito. Nela, Lins pede a Garotinho a demissão de um delegado, que não estaria colaborando com o suposto esquema denunciado pelo Ministério Público Federal. O delegado perdeu o cargo.
Na tentativa de justificar o afastamento do policial, o advogado do ex-governador, Sérgio Mazzillo, falou anteontem que Garotinho, na condição de secretário de Segurança Pública de Rosinha Matheus, agiu a pedido da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ).
O grampo serviu como sustentação da denúncia da Procuradoria. Segundo o advogado, o delegado estava envolvido em irregularidades e o ex-governador do Rio o afastara.
Em seu blog, Garotinho disse que o afastamento "deveu-se a uma correspondência" da Firjan. A carta "relatava o fato de uma importante empresa (...) ter sido vítima de extorsão por policiais". "Por sua contundência, acolhi imediatamente a denúncia", declarou no blog.
A Firjan divulgou o documento. É o relato da Tribel sobre a ida à empresa de um suposto delegado. O texto não fala em extorsão.
A questão é que o documento data de 3 de dezembro de 2003 -três anos antes da conversa flagrada pela PF. Passado tanto tempo, nem os delegados eram os mesmos. O que foi à Tribel chama-se Marco Aurélio Castro, hoje na Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública.
Em 10 de novembro de 2006, Garotinho não tinha função no governo de sua mulher. A Folha tentou ouvir Garotinho e seu advogado. Nenhum deles havia sido localizado até a conclusão desta edição. A Firjan não quis comentar. (ST)


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