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Tosto diz que é "inocente" no caso BNDES
Advogado depôs por uma hora na Justiça Federal e afirmou que teve nome usado por grupo acusado de desvio de verba
Segundo o advogado de defesa, Tosto não "conhece absolutamente nada" sobre os financiamentos do banco nem sobre os envolvidos
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Ricardo Tosto,
ex-conselheiro administrativo
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), negou ontem, em depoimento à Justiça Federal de
São Paulo, participação em supostos desvios de empréstimos
do banco à Prefeitura de Praia
Grande (SP) e às Lojas Marisa.
"Sou inocente. Tive hoje a
oportunidade de provar isso",
disse Tosto, ao sair do fórum
criminal federal após um depoimento de uma hora prestado ao juiz federal Marcio Ferro
Catapani. Cercado por repórteres na saída, ele não deu mais
respostas e passou a tarefa de
falar com a imprensa ao seu advogado, José Roberto Batochio.
"O doutor Tosto explicou ao
juiz, na presença da acusação,
que usaram o nome dele indevidamente com o objetivo de
auferirem maior remuneração
pelos trabalhos de consultoria
que tinham prestado. Ele não
conhece absolutamente nada a
respeito desses financiamentos, não conhece o prefeito de
Praia Grande, nenhum secretário municipal, nenhum diretor
das Lojas Marisa, não conhece
nenhum dos demais co-réus, à
exceção feita ao [consultor
Marcos] Mantovani e a outras
duas pessoas que ele viu uma
ou duas vezes", disse Batochio.
O advogado disse que Tosto
foi "estuprado na sua imagem",
ao ser preso pela Polícia Federal no último dia 24, na Operação Santa Tereza -ele foi liberado depois de dois dias.
Segundo a denúncia apresentada pela procuradora da República Adriana Scordamaglia,
dois empréstimos liberados pelo BNDES resultaram em pagamentos indevidos a um grupo
que incluía o ex-assessor do deputado federal Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), o Paulinho,
João Pedro de Moura.
Segundo a PF, canhotos e
anotações apreendidos na sede
da empresa Progus, de Mantovani, citavam as iniciais "RT". O
consultor, em depoimento,
confirmou que as iniciais se referiam a Tosto, mas disse que
usou o nome do advogado indevidamente, como forma de
convencer os outros integrantes do grupo a aumentarem
seus próprios ganhos. Os valores que deveriam ser pagos a
"RT" ficariam com Mantovani.
João Pedro de Moura alegou
ter feito o mesmo em relação ao
nome de Paulinho, identificado
como "PA" nas anotações e
conversas telefônicas.
Batochio também negou que
Tosto tenha influenciado na liberação de verbas do BNDES.
Os depoimentos do coronel
reformado da Polícia Militar
Wilson de Barros Consani Júnior e do consultor de empresas Boris Timoner foram adiados para o próximo dia 9.
Na saída, Consani disse à imprensa que explicará ao juiz o
motivo pelo qual informou
Paulinho sobre uma operação
da PF que estava prestes a ser
desencadeada -o aviso ocorreu na noite anterior às prisões.
"Assim que for ouvido, vocês
vão entender por que avisei.
Vou explicar ao juiz e em seguida explico. Tem um motivo, documentado inclusive." Indagado se é amigo de Paulinho, disse: "Não. Tenho uma relação
amistosa, profissional".
O empreiteiro José Carlos
Guerreiro, que estava preso
desde o dia 24, foi liberado ontem pelo juiz Marcio Catapani.
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