São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Tosto diz que é "inocente" no caso BNDES

Advogado depôs por uma hora na Justiça Federal e afirmou que teve nome usado por grupo acusado de desvio de verba

Segundo o advogado de defesa, Tosto não "conhece absolutamente nada" sobre os financiamentos do banco nem sobre os envolvidos


RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro administrativo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), negou ontem, em depoimento à Justiça Federal de São Paulo, participação em supostos desvios de empréstimos do banco à Prefeitura de Praia Grande (SP) e às Lojas Marisa.
"Sou inocente. Tive hoje a oportunidade de provar isso", disse Tosto, ao sair do fórum criminal federal após um depoimento de uma hora prestado ao juiz federal Marcio Ferro Catapani. Cercado por repórteres na saída, ele não deu mais respostas e passou a tarefa de falar com a imprensa ao seu advogado, José Roberto Batochio.
"O doutor Tosto explicou ao juiz, na presença da acusação, que usaram o nome dele indevidamente com o objetivo de auferirem maior remuneração pelos trabalhos de consultoria que tinham prestado. Ele não conhece absolutamente nada a respeito desses financiamentos, não conhece o prefeito de Praia Grande, nenhum secretário municipal, nenhum diretor das Lojas Marisa, não conhece nenhum dos demais co-réus, à exceção feita ao [consultor Marcos] Mantovani e a outras duas pessoas que ele viu uma ou duas vezes", disse Batochio.
O advogado disse que Tosto foi "estuprado na sua imagem", ao ser preso pela Polícia Federal no último dia 24, na Operação Santa Tereza -ele foi liberado depois de dois dias.
Segundo a denúncia apresentada pela procuradora da República Adriana Scordamaglia, dois empréstimos liberados pelo BNDES resultaram em pagamentos indevidos a um grupo que incluía o ex-assessor do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, João Pedro de Moura.
Segundo a PF, canhotos e anotações apreendidos na sede da empresa Progus, de Mantovani, citavam as iniciais "RT". O consultor, em depoimento, confirmou que as iniciais se referiam a Tosto, mas disse que usou o nome do advogado indevidamente, como forma de convencer os outros integrantes do grupo a aumentarem seus próprios ganhos. Os valores que deveriam ser pagos a "RT" ficariam com Mantovani. João Pedro de Moura alegou ter feito o mesmo em relação ao nome de Paulinho, identificado como "PA" nas anotações e conversas telefônicas.
Batochio também negou que Tosto tenha influenciado na liberação de verbas do BNDES.
Os depoimentos do coronel reformado da Polícia Militar Wilson de Barros Consani Júnior e do consultor de empresas Boris Timoner foram adiados para o próximo dia 9.
Na saída, Consani disse à imprensa que explicará ao juiz o motivo pelo qual informou Paulinho sobre uma operação da PF que estava prestes a ser desencadeada -o aviso ocorreu na noite anterior às prisões.
"Assim que for ouvido, vocês vão entender por que avisei. Vou explicar ao juiz e em seguida explico. Tem um motivo, documentado inclusive." Indagado se é amigo de Paulinho, disse: "Não. Tenho uma relação amistosa, profissional".
O empreiteiro José Carlos Guerreiro, que estava preso desde o dia 24, foi liberado ontem pelo juiz Marcio Catapani.


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