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Governo quer derrubar emenda que favorece PM
da Reportagem Local
O governo federal quer derrubar
a emenda constitucional que separa os militares dos servidores públicos civis. Para o governo, a mudança contraria a tentativa de desmilitarização da Polícia Militar.
A emenda foi aprovada na semana passada, na Comissão Especial
de Segurança Pública da Câmara
dos Deputados. Apenas dois deputados votaram contra -José Genoino e Luiz Eduardo Greenhalgh,
ambos do PT de São Paulo.
O governo teme que o plenário
da Câmara ratifique a decisão da
Comissão de Segurança Pública.
Por esse motivo, a emenda será
um dos temas da reunião da comissão que estuda reforma nas polícias, na terça-feira.
O presidente Fernando Henrique Cardoso participará dessa reunião. Também estarão presentes o
secretário nacional de Direitos
Humanos, José Gregori, o ministro da Justiça, Iris Rezende, e o
chefe da Casa Militar da Presidência, general Alberto Cardoso.
A Folha apurou que o governo
está de acordo com as críticas que
vêm sendo feitas à emenda por setores da oposição e por entidades
de direitos humanos. Considera a
medida um retrocesso para o esforço de desmilitarização das PMs.
De acordo com a emenda, as
PMs são transformadas em "instituições permanentes e regulares
organizadas com base na hierarquia e na disciplina". Os policiais
militares e bombeiros deixam de
ser considerados servidores civis
para serem "militares estaduais".
Até a Constituição de 88, as PMs
funcionavam sob a orientação do
Exército. Com a nova Constituição, elas ficaram sob a responsabilidade dos governadores -são
consideradas apenas "forças auxiliares" das Forças Armadas.
A Constituição de 88 também
determinou que os funcionários
militares são iguais ao civis, criando a designação genérica de servidores públicos. A emenda original
dizia apenas que as tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica seriam designadas "militares".
A emenda não fazia nenhuma referência aos policiais militares e
bombeiros. Mas o relator Werner
Wanderer (PFL-PR) acolheu sugestões do lobby da PM e fez substitutivo aceitando a alteração.
Para Genoino, a emenda faz com
que a PM perca o perfil de força de
segurança pública e de proteção ao
cidadão, transformando-se em
mais uma organização militar. "A
decisão vem na contramão do debate para a desmilitarização da
PM."
(EMANUEL NERI)
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