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RETÓRICA PETISTA
Em evento no Planalto, presidente diz que bons resultados dependem "da vontade coletiva" e ataca adversários
País tem crescimento "sem mágica", diz Lula
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um ano após ter anunciado que
o Brasil veria um "espetáculo" do
crescimento, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o país encontrou -"sem
mágica" e com "credibilidade"-
a rota de avanço de sua economia.
Para Lula, a população precisa
acreditar que tal crescimento não
é "eventual" e depende de "uma
vontade coletiva".
"O Brasil reencontrou [o crescimento] sem nenhum mágica de
nenhum membro do governo ou
da sociedade, mas com determinação, com seriedade, conquistando uma coisa que, nos acordos, o ser humano não pode perder, que é a credibilidade", afirmou, em discurso improvisado
no Palácio do Planalto em evento
para a assinatura do decreto sobre
as regras do setor elétrico.
O presidente ainda aproveitou o
discurso para atacar seus adversários. "Vocês já começaram a perceber que aqueles, que teimavam
em duvidar de que o nosso país
iria crescer e que iria gerar empregos que nós todos precisamos, já
não falam mais. Alguns não querem nem discutir economia mais
pelos meios de comunicação, e
preferem falar de outras coisas."
Em seguida, pediu a crença dos
brasileiros para um avanço do
PIB (Produto Interno Bruto) a
longo prazo. "Temos de acreditar
que o Brasil não pode parar de
crescer e não pode ter um crescimento eventual, que o crescimento deste país tem de ser um crescimento que representa um crescimento por um longo prazo."
Para o presidente, o crescimento depende de uma "vontade coletiva". "Falo isso por causa de todos os números e sem distinção,
de todos os jornais que, mesmo
muitas vezes contra a vontade,
são obrigados a colocar."
Em 2003, o PIB apresentou uma
retração de 0,2%. No primeiro trimestre deste ano, a economia
avançou 1,6% no período janeiro-março em relação ao trimestre
anterior. Em discursos na semana
passada, Lula disse que 2004 já está "ganho".
Segundo Lula, os governos não
podem ser "medidos" pela quantidade de obras, e sim pelo padrão
de relacionamento com a sociedade. Para ele, muitos governantes não foram capazes de realizar
uma única obra estruturante.
"Muitas vezes um governante
não será medido pela sua passagem pelo governo, pelas grandes
obras estruturantes que ele fez,
porque muitos não fizeram nenhuma. Ou seja, muitas vezes,
num padrão de relacionamento
que se estabelece entre Estado e
sociedade, governo e sociedade,
pode ser muito mais importante
do que o próprio resultado da
obra", afirmou Lula.
O presidente ainda brincou
com o discurso de 45 minutos da
ministra Dilma Rousseff (Minas e
Energia), que o antecedeu: "Eu
penso que se esse decreto conseguir produzir energia que a Dilma
produziu na fala dela todos nós
estaremos muito felizes e a economia brasileira agradecerá."
Sobre o decreto assinado ontem, Lula afirmou que trata-se de
um primeiro passo para que o
país passe a produzir energia, novos investimentos, renda e empregos. "Todos nós aqui já estamos de cabelo branco e a gente
não pode mais passar uma década
ouvindo dizer que somos um país
em via de desenvolvimento."
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