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"Vamos evitar um novo Candiota" é
o slogan de Palocci para o governo
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) comandou uma
operação ostensiva para manter
nos respectivos cargos os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb. Mais do que
lealdade a ambos, a preocupação
é evitar uma crise política.
Com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o chefe da Casa Civil, José Dirceu, viajando, Palocci
assumiu o controle de uma ação
que atravessou gabinetes da República com o mesmo slogan:
"Evitar um novo Candiota".
O slogan refere-se a Luiz Augusto Candiota, que pediu demissão
da Diretoria de Política Monetária
do BC depois de denúncias de sonegação fiscal e de evasão de divisas. A cúpula do governo tentou
impedir sua saída, mas Candiota
disse que não ficaria no governo
para perder dinheiro (os salários
da iniciativa privada são muito
maiores) e ainda por cima suportar "ataques à honra pessoal".
Derrotado na investida de manter Candiota, Palocci foi à luta
com o dobro da intensidade junto
a Meirelles e a Casseb -cuja nomeação ele próprio "apadrinhou". Ambos estão expostos a
denúncias semelhantes às que recaíram sobre Candiota.
Na quinta-feira, ao saber que a
revista "IstoÉ" traria informações
sobre contas de Casseb no exterior que não teriam sido declaradas à Receita, Palocci ligou para o
presidente do BB, pedindo "calma".
Palocci sugeriu que Casseb continuasse no cargo e desse publicamente todas as informações sobre
as contas. Ele reagiu dizendo que
não poderia se defender sem saber quais eram as denúncias. Na
versão do governo, a revista só
tentou ouvir o BB à noite.
No longo telefonema, o ministro da Fazenda ouviu um desabafo de Casseb, que vem convivendo com outras acusações contra
ele e contra o BB neste mês, justamente quando tirou duas semanas de férias longe de Brasília.
Primeiro, o banco foi flagrado
comprando R$ 70 mil em ingressos de um show da dupla Zezé de
Camargo e Luciano, cuja renda
seria revertida para a compra da
nova sede do PT. Depois, a Folha
revelou que a empresa Kroll espionara integrantes do governo e
havia descoberto um encontro
dele com seus ex-companheiros
da Italia Telecom em Portugal.
A questão das contas não-declaradas no exterior é tratada com
"constrangimento" no Planalto e
na Fazenda, mas não como um
"escândalo".Quanto ao envolvimento do Banco do Brasil num
show pró-PT, a versão é de que foi
um erro grosseiro, mas não culpa
de Casseb. O comando abaixo dele no banco é considerado "todo
petista", mas as escolhas não foram dele, "vieram de cima".
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