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GOVERNO
Titular da AGU corre o risco de perder o cargo
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Exposto a desgastes políticos
dentro do governo, o advogado-geral da União, Álvaro Augusto
Ribeiro da Costa, 57, está na iminência de perder o cargo. Por
conta dos desgastes, o governo já
procura nome para substitui-lo.
Ele retorna amanhã de Buenos
Aires, onde tirou uma semana de
férias, e reassumirá o trabalho na
segunda-feira. A AGU (Advocacia Geral da União) informou, por
sua assessoria, que ele não faria
nenhum comentário sobre o assunto por estar em viagem e que o
órgão também não falaria nada.
Desde que assumiu a função,
em janeiro de 2003, ele vem acumulando desgastes internos,
principalmente com José Dirceu
(Casa Civil). O subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, José Antonio Toffoli, chegou até a
ser cotado para sucedê-lo.
Costa também não tem bom relacionamento com o presidente
do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, por
causa de desentendimentos na
Assembléia Nacional Constituinte. Então deputado, Jobim teve
atuação importante na consolidação do texto da Constituição, e
Costa representava os interesses
da Associação Nacional dos Procuradores da República.
Outro fator que pesa contra ele
são problemas de entrosamento
com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda e responsável
pela defesa da União em processos fiscais.
No Ministério Público Federal,
onde atuou até se aposentar, há
oito anos, ele é admirado por colegas por rigor ético e dedicação
ao trabalho, mas ao mesmo tempo é visto como um homem pouco flexível politicamente.
Derrotas
A possibilidade de permanência
de Costa tornou-se mais remota
há um mês, quando o presidente
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Sepúlveda Pertence,
declarou ilegal parecer da AGU
que ampliava as hipóteses de liberação de verbas federais para prefeituras no período eleitoral.
Por pressão da Casa Civil, Costa
avalizou interpretação pela qual
poderiam ser repassadas verbas
até para obras não iniciadas. A Lei
Eleitoral exige que as obras estejam "em andamento". Depois da
decisão do TSE, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva recuou.
O Palácio do Planalto também
não gostou da atuação dele na batalha judicial sobre a cobrança da
contribuição previdenciária dos
servidores inativos e dos pensionistas, a ser decidida pelo STF.
O governo enfrenta o risco de
derrota. O julgamento começou
em 26 de maio, mas foi suspenso
por um pedido de vista de Cezar
Peluso. No dia seguinte, o ministro Amir Lando (Previdência) foi
ao gabinete de Jobim fazer pressão, dizendo que a suspensão da
cobrança da contribuição será desastrosa para as contas públicas.
Também houve desgastou no
caso do jornalista do "New York
Times" Larry Rohter, que teve o
visto cancelado, decisão apoiada
por Costa, após a publicação de
reportagem negativa sobre Lula.
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