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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Henrique Ollitta, do diretório da Vila Maria, nega relação com provocação a Serra e se diz constrangido com contratações de cabos eleitorais
"Exército pago horroriza", diz dirigente do PT
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Henrique Ollitta, 44, é o presidente do diretório zonal do Partido dos Trabalhadores da Vila Maria (zona norte). Com uma longa
folha corrida de serviços prestados ao PT, ele foi administrador
regional da Vila Maria, na gestão
de Luiza Erundina (1989-92).
Trotsquista da corrente "O Trabalho", também foi o responsável,
no bairro, pela organização de todas as campanhas eleitorais de
que o PT participou desde sua
fundação. Foi. Pois, na atual campanha de Marta Suplicy, Ollitta e
vários dirigentes tradicionais viram-se substituídos pelo trator
eleitoral comandado pelo marqueteiro Duda Mendonça.
Indício dos novos tempos, pela
primeira vez, Ollitta foi surpreendido por uma atividade do PT no
seu próprio reduto. Aconteceu
anteontem, quando cabos eleitorais de Marta, contratados pelo
Comitê de Campanha da Vila Maria, hostilizaram o candidato do
PSDB, José Serra, durante visita
ao bairro. "O diretório zonal não
teve participação no episódio. E
não temos responsabilidade pela
contratação desses cabos eleitorais", disse Ollitta à Folha. Abaixo, trechos da entrevista:
Folha - Qual a sua visão sobre a
condução da campanha de Marta?
Henrique Ollitta - O diretório da
Vila Maria é contrário aos comitês Regionais, por entender que
esses comitês não expressam a
história e a tradição de organização da base do partido. Esses comitês só expressam a coligação
eleitoral do PT com o PTB, PL,
PRTB, partidos que não nunca
atenderão as reivindicações dos
trabalhadores.
Folha - Na Vila Maria, uma mulher disse receber R$ 800 para fazer
a campanha de Marta. Isso é inédito na história do partido, não é?
Ollitta - Sim, é verdade. Nós estranhamos esse tipo de organização no período eleitoral. É uma
afronta à história do PT.
Folha - Por que contratar cabos
eleitorais?
Ollitta - Acho que se trata de um
reflexo dessa coligação. Os partidos coligados sempre usaram esse
expediente espúrio para fazer
campanha eleitoral. Agora, é o
próprio PT que se está colocando
nesse patamar.
Folha - A militância do PT não
quer fazer campanha para Marta?
Ollitta - A militância do PT está
horrorizada com essa situação.
Há um constrangimento generalizado na minha região entre os filiados petistas. Os petistas, que
sempre desenvolveram a sua política como atividade voluntária,
por acreditar no programa do
partido, consideram que esse tipo
de expediente é inadequado.
Folha - Por que os cabos eleitorais
de Marta provocaram o candidato
José Serra?
Ollitta - Eu não tenho conhecimento. O diretório zonal e seus
militantes não tiveram nenhuma
participação no episódio. E não
temos responsabilidade pela contratação desses cabos eleitorais.
Folha - Você confirma que há cabos eleitorais contratados?
Ollitta - Eu tenho conhecimento
de que sim.
Folha - Como será feita, na prática, a campanha do PT?
Ollitta - Em uma reunião do diretório municipal do partido, realizada há dois meses, ficou decidido que os comitês regionais devem promover a visita a centenas
de milhares de casas, para conversar com os moradores.
Folha - Quem visitará as casas?
Ollitta - Para mim é óbvio que
seria esse exército de gente contratada para fazer a campanha.
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