São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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Militantes recebem R$ 400 no Rio

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A fim de reforçar a presença de militantes nas panfletagens e atos públicos dos quais participa o deputado federal Jorge Bittar, candidato petista à Prefeitura do Rio, o PT está pagando R$ 400 por mês a pelos menos 20 moças e rapazes.
Os militantes remunerados têm a incumbência de portar bandeiras do partido durante os eventos da campanha. Todos vestem camisetas exaltando a candidatura Bittar. Na cabeça, eles trazem bonés e fitas alusivos ao candidato.
Embora os jovens -a maioria moças, de 17 a 22 anos- neguem receber o dinheiro, o próprio Bittar reconheceu que as quantias são pagas pela organização da campanha. No dia 23, na avenida Nossa Senhora de Copacabana (zona sul), Bittar esteve acompanhado dos militantes.
À Folha, o candidato disse que pagar militantes "não é uma novidade" para o PT. "Em campanhas anteriores isso já aconteceu", afirmou Bittar, para quem "R$ 400 não é salário, é ajuda de custo".
Os jovens estão presentes em todas as atividades de rua da campanha, independentemente do horário. No domingo retrasado, eles participaram da claque petista em frente à sede da TV Bandeirantes, onde ocorria um debate.
Segundo o candidato, o pagamento aos militantes "não ocorre de maneira generalizada".
"A militância, como um todo, tem participado de muitos eventos. A militância vem voluntariamente. Só algumas pessoas, pouquíssimas, que trabalham conosco de sol a sol, carregam bandeiras, recebem essa ajuda de custo", disse o candidato.
Nas panfletagens, caminhadas e atos públicos, as bandeiras costumam ser conduzidas pelas jovens, vestidas de modo padronizado -calça apertada de cós baixo, quase sempre jeans, e camisa de malha amarrada na barriga.
Também trajadas da mesma forma, outras moças distribuem os panfletos que enaltecem Bittar e os candidatos a vereador.
Os rapazes também carregam bandeiras e entregam panfletos aos eleitores, mas em menor quantidade. Cabe a eles uma participação maior na organização dos locais para onde as bandeiras são deslocadas.
Os militantes remunerados evitam falar sobre o pagamento. À Folha, negaram. "Somos militantes mesmo. Venho de Campo Grande [bairro na zona oeste, distante cerca de 60 km do centro] para ajudar na campanha", afirmou um dos rapazes que acompanharam Bittar em Copacabana. Ele não quis se identificar.
Pesquisa do Ibope divulgada na terça-feira mostra Bittar com 3% das intenções de voto, atrás de Cesar Maia (PFL), Marcelo Crivella (PL), Luiz Paulo Conde (PMDB) e Jandira Feghali (PC do B).


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