São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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CAMPO MINADO

MST e grupo autônomo disputam área no PR; PM acusa movimento pelos tiros, mas fazendeiro contesta

Confronto entre sem-terra deixa 2 feridos

Diomicio Gomes/"O Popular"
Integrantes do MST queimam faixas em protesto durante desocupação de fazenda em Campestre (GO)


JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Um confronto ontem entre integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e do Sem Terra do Norte do Paraná, um grupo autônomo, resultou em dois sem-terra feridos na fazenda Pau D'Alho, em Ribeirão do Pinhal (norte do PR).
Um dos feridos, Daniel Alves de Souza, militante do MST, teve um braço quebrado após disparos de revólver calibre 38. O outro ferido, de raspão, também é do MST e não foi identificado pela polícia.
O conflito ocorreu quando integrantes do MST de várias regiões do norte do Estado se uniram a cem famílias que ocupam a fazenda para expulsar um grupo de 75 famílias do Sem Terra do Norte do Paraná, que invadiram a área no último dia 27. O MST está na fazenda há dois meses, após acordo com Newton Carneiro Jr., dono da propriedade. O outro grupo, despejado do local há 60 dias, não aceita o acordo entre o MST e o fazendeiro e reivindica a área.
Carneiro Jr. negocia com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a venda de 900 hectares da fazenda, de 1,1 mil ha, para assentamento. O MST e o Sem Terra do Norte do PR disputam a prioridade na área.
Os integrantes do segundo grupo foram levados pela Polícia Militar para acampamento na PR-439. O tenente da PM Márcio Jaquetti disse que não foram achadas armas. Segundo ele, tanto o MST como o grupo autônomo estavam armados, "mas as armas foram escondidas antes da chegada da PM". Jaquetti disse que há "fortes indícios" que os dois feridos tenham sido baleados pelos próprios integrantes do MST.
O dono da fazenda contestou isso. Segundo ele, os autores dos disparos foram líderes "desse grupo que trabalha para boicotar a reforma agrária". Para Carneiro Jr., o Sem Terra do Norte do PR, cujo líder é Pedro Xavier Dias, trabalha "para radicais de direita". "Ações como essa visam intimidar os proprietários que oferecem áreas para aquisição pelo Incra."
Dias negou as acusações e disse que foram integrantes do MST que usaram armas contra seu grupo. A coordenação do MST no Paraná não comentou o conflito.

Goiás
O MST deixou ontem a fazenda Florzeira, em Campestre, invadida no dia 20. Segundo o movimento, 2.100 famílias estavam no local. Pelo acordo, o Incra deve liberar R$ 60 milhões para assentamentos em caráter emergencial.

Colaborou a Agência Folha

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