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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS PROVAS
Heloísa Helena vai entregar requerimento pedindo detalhamento do balanço; gastos aumentaram em semestre de eleição
CPI investiga aumento de gastos do BB
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Informações que haviam passado batidas no balanço contábil do
BB (Banco do Brasil) serão investigadas pela CPI dos Correios.
"Quero saber os motivos pelos
quais alguns gastos da instituição
aumentaram de forma expressiva
nas áreas de marketing, governo e
varejo", informou à Folha a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL).
"E porque esse aumento foi acelerado justamente na época das
eleições municipais."
A senadora entregará até, no
máximo, terça-feira, um requerimento pedindo ao BB o detalhamento do balanço.
Heloísa Helena também vai solicitar o detalhamento de todos os
empréstimos a pessoas físicas
avalizados pelo publicitário Marcos Valério no BB. Igual procedimento será adotado para os bancos Rural e BMG. As três instituições estão envolvidas nas investigações da CPI dos Correios.
De acordo com informações
disponíveis na página eletrônica
da Bovespa, os gastos do BB lançados sob a rubrica "Promoções e
Relações Públicas" cresceram
60,3%, passando de R$ 182,7 milhões para R$ 292,8 milhões.
Em dois anos, a elevação nos
gastos chega a 113,1%. Em 2002, o
total observado para "Promoções
e Relações Públicas" não ultrapassou R$ 137,4 milhões.
Oficialmente, os números referem-se a patrocínio de eventos e
verba de relacionamento público-social -dinheiro destinado pelo
Banco do Brasil ao patrocínio de
eventos de Estados e prefeituras.
Fontes ligadas à instituição afirmam que esse tipo de prática também funciona como incentivo para governos locais transferirem
para o Banco do Brasil as contas
bancárias onde são creditados os
salários de seus funcionários.
A maior parte do dispêndio
com "promoções e relações públicas" ocorrido em 2004 ficou concentrada entre junho e dezembro.
Nesse intervalo, a liberação chegou a R$ 200,3 milhões, o equivalente a 68,4% do total desses gastos em todo o ano.
Quem cuida desse tipo de repasse no BB são as diretorias de governo e de marketing.
O banco negou, por meio de sua
assessoria, que o crescimento das
verbas de relacionamento público-social esteja relacionado às
eleições municipais de 2004. Segundo o BB, o aumento desses
gastos é conseqüência do aumento da concorrência entre os bancos pelos negócios de Estados e
prefeituras. O BB possui hoje a
conta única de mais de 3.000 municípios do país e de sete Estados:
MT, MS, RN, TO, AC, RO e RR.
Propaganda
O BB informou também que o
aumento dos gastos com promoções é conseqüência de gastos
com patrocínio de atletas que participaram das Olimpíadas e das
Paraolimpíadas. O banco diz que
também aconteceram gastos para
a promoção de novas subsidiárias
do BB, como o Banco Popular e o
BB Consórcios. A diretoria de
marketing também é responsável
pela rubrica "propaganda e publicidade", cujas despesas alcançaram R$ 262,9 milhões em 2004. O
montante representa 71,2% acima
do observado em 2003, quando o
desembolso ficou em R$ 153,6 milhões.
Assim como em "promoções e
relações públicas", os gastos de
2004 ficaram concentrados no segundo semestre. Nesse período, o
dispêndio chegou a R$ 196,7 milhões, ou 74,8% do total.
A diretoria de marketing do
Banco do Brasil tem sido alvo de
denúncias desde o ano passado,
quando o então diretor, Henrique
Pizzolato, foi acusado de promover um evento em nome do banco
para angariar fundos para o PT.
Pizzolato, hoje aposentado,
também é suspeito de participar
de um suposto esquema petista
de caixa dois. O assunto está sendo investigado pela CPI dos Correios e a CPI do Mensalão.
Em entrevista à Folha, publicada no último domingo, Pizzolato
afirmou que todos os contratos da
sua área precisavam da aprovação
de Luiz Gushiken, então titular da
Secretaria de Comunicação do
governo Lula. Gushiken negou
qualquer tipo de ingerência.
Terceiros
Outro item que cairá no escrutínio dos parlamentares é "serviços
de terceiros", cuja responsabilidade não cabe a uma diretoria específica, pois os gastos estão espalhados em várias áreas do banco.
Esses desembolsos passaram de
R$ 285,3 milhões para R$ 413,7
milhões entre 2003 e 2004. Um
aumento de 45%.
Dos R$ 413,7 milhões, mais da
metade saiu dos cofres do BB no
segundo semestre de 2004. Entre
junho e dezembro, o repasse para
pagar serviços terceirizados chegou a R$ 236,7 milhões.
Segundo o BB, o aumento nos
"serviços de terceiros" entre 2003
e 2004 é conseqüência da instalação de duas novas centrais de
atendimento telefônico, para centralizar em São Paulo e São José
dos Pinhais (PR) serviços antes
espalhados pelo país. Os gastos
das novas centrais estão submetidos à vice-presidência de Varejo.
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