São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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"MENSALÃO"

Nomes são citados em saques

Atores da crise saem de cena após denúncias

DA REDAÇÃO

Da fama ao anonimato, do anonimato à fama. Os personagens da maior crise política brasileira dos últimos dez anos inverteram os papéis nas últimas semanas.
O ex-todo-poderoso presidente da Câmara João Paulo Cunha, por exemplo, sumiu. Motivo: documentos revelaram que a mulher dele, Márcia Milanésio, sacou R$ 50 mil de conta da SMPB, de Marcos Valério, acusado de operar o suposto "mensalão".
João Paulo, que desejava disputar o governo de São Paulo, que almejava virar ministro de Lula, busca agora salvar seu mandato de deputado federal. Cogitou renunciar, mas recuou. Continua incomunicável em um sítio nos arredores de São Paulo.
Na novela "mensalão", a cidade serviu de palco para cenas dignas de comédia pastelão. Vide o caso de um assessor parlamentar preso com US$ 100 mil na cueca no aeroporto de São Paulo. José Adalberto Vieira da Silva, então assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão de José Genoino, foi detido ao tentar embarcar para Fortaleza.
Menos verossímil foi sua justificativa: o dinheiro seria referente a pagamento de verduras vendidas na Ceagesp. Depois, mudou a versão: o montante iria para a abertura de uma locadora de veículos. Adalberto deixou o cargo de secretário de organização do PT-CE e só fala por meio de advogados.
Ainda na seara petista, o ex-líder do PT Paulo Rocha (PA) faz agora o estilo "low profile", após justificar o saque de R$ 470 mil da SMPB feito por sua assessora Anita Leocádia. Rocha diz que o dinheiro teria sido enviado pelo então tesoureiro do PT Delúbio Soares, para quitar dívidas do partido no Pará. Rocha deixou a liderança do partido e Leocádia não foi localizada até o momento.
Já os 15 segundos de fama em preto-e-branco de Maurício Marinho -no vídeo em que aparece recebendo R$ 3.000 de propina- viraram dois dias de depoimento à CPI. Ele alega que o dinheiro era parte de pagamento de consultoria. Marinho se afastou da estatal alegando motivos de saúde.
Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, saiu do anonimato ao aparecer como sacador de R$ 1,3 milhão da SMPB no Banco do Brasil. Após isso, ninguém mais o achou.
Não bastasse também correr de repórteres, Solange Pereira fugiu do emprego. Após ser acusada por Marcos Valério de sacar R$ 100 mil no Rural, a funcionária do departamento financeiro do PT não mais foi vista na sede da sigla.


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