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A MUSA
Secretária diz querer posar nua e que denunciou Valério por "país mais justo"
Karina faz ensaio e diz não ser bonita
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
Pode ser até que Fernanda Karina Somaggio jamais venha a ser
capa da "Playboy", mas que ela
gosta de fazer uma pose, isso gosta. "Muitas oportunidades estão
surgindo, tenho de aproveitar todas", acredita a secretária, no auge de sua recente carreira de celebridade. Além do convite para
posar nua, que a revista nega te
feito, Karina diz ter sido procurada por quatro partidos políticos
interessados em lançar sua candidatura à deputada federal nas
eleições do próximo ano.
Aos 32 anos, uma borboleta tatuada na lombar, seu capital político se compõe basicamente de
medidas promissoras (1,77 m, 55
kg) e uma agenda comprometedora -principalmente para o
publicitário Marcos Valério de
Souza, seu ex-patrão, apontado
como o operador do "mensalão".
Em um depoimento bomba, ela
revelou encontros do ex-chefe
com figurões da República, envolveu ex-colegas e confirmou a operação leva-e-traz de malas de dinheiro. Valério afirma que, antes
de fazer as denúncias na imprensa, Karina tentou chantageá-lo,
tanto que abriu um processo de
extorsão contra ela. A secretária
se defende dizendo que entregou
todo mundo por patriotismo:
"Quero um país mais justo", diz.
O cachê de R$ 2 milhões, que,
segundo o advogado, ela pediria
pelo trabalho de "nu artístico",
também faz parte dessa busca por
um "país mais justo": o dinheiro
será usado para despesas de campanha, diz ela. Mas não só, claro.
"Acho uma bobagem essas mulheres que dizem que não tirariam
a roupa por dinheiro nenhum. Eu
sou dura, tenho de comprar uma
casa, um carro melhor."
Garota nacional
Karina recebe o repórter na casa
de madeira pré-fabricada que aluga por R$ 600 na Pampulha, bairro de classe média de Belo Horizonte, onde mora com o marido,
Vítor, 35, e a filha Naína, 8. Tem
um Ford Ka 1998 que acabou de
quitar e dois cachorros, um rotweiller e um boxer.
De fala mansa e afetuosa, ela
abraça o repórter no portão e o
conduz para a cozinha, separada
da sala com poucos móveis e chão
de ardósia por um balcão: oferece
café, enquanto mistura leite com
flocos de aveia em uma xícara.
Seus cabelos tingidos de ruivo estão molhados, ela veste um conjunto verde-musgo de calça e camisão de seda e pantufas.
"Meu negócio é mato, pé no
chão, fazenda. Não tenho tino artístico, não me acho bonita", diz.
Ela diz que os convites de partidos políticos e os da revista quem
discute é seu advogado, Rui Pimenta. "Sou péssima para tratar
de dinheiro", diz. Mas não para
gastar, segundo suas próprias palavras: "Se quebrarem meu sigilo
bancário, só vão descobrir que
entrei no cheque especial. Meu limite no cartão de crédito é R$ 600,
porque senão gasto mesmo".
Ao falar da frota particular de
automóveis de luxo do ex-chefe
("que só veste Hugo Boss e frequenta a Daslu"), Karina também
não vacila na identificação: "Tem
Pajero, Land Rover, tudo novinho", diz. Uma intimidade inesperada com carrões, para uma
pessoa que diz gastar dinheiro
com animais que encontra na rua.
"Amo bichos. Já peguei muito vira-lata doente para cuidar."
Na verdade, Karina está sendo
modesta ao definir-se com tanta
simplicidade. Versátil, ela rapidamente se transforma quando entra no fundo infinito do estúdio,
para a sessão de fotos. Pelo repertório de olhares fatais e viradas de
pescoço, conclui-se que ou a secretária folheou muito editorial
de moda, ou perdeu tempo correndo descalça pelo campo: "Estou achando ótimo me ver assim", diz, com uma espécie de euforia contida, ao ver o resultado.
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