São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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PAINEL

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

Cabo-de-guerra

A CPI dos Sanguessugas, que iniciou os trabalhos cercada de uma dose rara de consenso, entra nesta semana claramente dividida entre governistas e oposicionistas, tônica das mais recentes investigações. O ponto de virada foi a entrada, na semana passada, do braço do governo no foco das investigações.
Com isso, parlamentares que integram a comissão acreditam que a pressão se intensificará. O esforço concentrado deve levar a Brasília boa parte dos acusados de participar no esquema. Todos querem acesso a documentos. "O tempo da concórdia acabou. Temos de acelerar a apuração", diz Raul Jungmann (PPS-PE), vice-presidente da CPI.

Alvo. Os evangélicos não são o único segmento do Congresso atingido em cheio pela CPI dos Sanguessugas. A "bancada da bala", que se aglutinou contra o desarmamento, aparece em peso na lista de envolvidos na fraude.

Colou. Adversários de Ney Suassuna (PB) martelam o apelido dado a ele pela claque de Anthony Garotinho: "Suassuna sanguessuga". O truque tem sido mortal para a campanha à reeleição do líder do PMDB no Senado.

Sangue. Para reagir à suspeita de afrouxamento das punições, integrantes da CPI agora falam em provas "robustas" contra mais de 50 parlamentares. O número dos que escaparão incólumes, dizem, não passa de 15.

Capricho. Maria da Penha Lino, "infiltrada" da Planam no Ministério da Saúde, mantinha em seu computador etiquetas para pastas com nome, gabinete e Estado de vários parlamentares envolvidos.

Campanha. Vão ao ar hoje os comerciais do TSE para as eleições. O mote é o "voto consciente". A propaganda diz que cabe ao eleitor ser "responsável" e "escolher bem" seus representantes.

Vem aí. A Polícia Federal prepara megaoperação para antes das eleições: tentará atingir a máquina financeira do PCC. Os policiais estão rastreando a abrangência geográfica da facção e sua ligação com a lavagem de dinheiro.

Assanhamento. Mesmo com a redução da vantagem de Lula, já corre solta a guerra entre petistas e aliados por vagas no ministério do eventual segundo mandato.

Mala pronta. Entre os ministros que anunciam disposição para deixar Brasília mesmo em caso de vitória de Lula, nenhum parece mais decidido do que Márcio Thomaz Bastos. O titular da Justiça pretende abrir escritório em São Paulo, perto de sua casa, a partir de 2007.

Impedimentos. Bastos disse a assessores que, uma vez de volta à advocacia, vai se abster de atuar em causas que cheguem ao Supremo -ele foi peça-chave na indicação de seis dos 11 ministros do tribunal-, ou que envolvam a PF, hoje sua subordinada.

Em dúvida. Já Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), que também tem manifestado o desejo de mudar de ares no ano que vem, não é levado 100% a sério pelos colegas. "Se o presidente pedir, ele fica", diz um deles.

Baixo risco. Lula fará caminhada pelas ruas de São Paulo no próximo sábado em São Mateus, zona leste. O local é reduto de Marta Suplicy.

Cadê? Geraldo Alckmin ordenou uma "força-tarefa" para acelerar seu programa de governo. A aliados, o tucano classificou como "preocupante" a falta de comunicação entre os seus colaboradores.

Control C. José Roberto Arruda (PFL) gravou parte de seu programa de TV em Goiás e no Rio. O candidato ao governo do DF quer copiar a rodoviária-modelo de Goiânia e as vilas olímpicas cariocas.

Tiroteio

"Ele nunca confundiu essas duas coisas. Sempre se manteve candidato. Espero que ele assuma a Presidência nos seis meses que lhe restam."


Do deputado federal EDUARDO PAES (PSDB-RJ), candidato tucano ao governo do Rio de Janeiro, sobre Lula dizer que nunca sabe quando é candidato e quando é presidente.

Contraponto

Em apuros

Dez anos atrás, os deputados Aldo Rebelo e Renildo Calheiros ciceroneavam Miguel Arraes (1916-2005) por São Paulo quando, tarde da noite, resolveram deixar o governador pernambucano num hotel da "cracolândia", região bastante insegura no centro da cidade.
Na saída, o carro pifou. Logo em seguida, os dois viram um grupo de quase 30 homens se aproximar.
-Calma! Nunca vi assalto com tanta gente- disse Aldo na tentativa de acalmar o colega, muito assustado.
Mas os rapazes, visivelmente sob o efeito de drogas, surpreenderam a dupla: colocaram-se à disposição e ajudaram a empurrar o carro quebrado.


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