São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"E la nave va"

O início do julgamento do mensalão pelo STF tem tudo para fomentar a oposição ao foro privilegiado e a sensação de impunidade. O Supremo deverá decidir, entre os dias 22 e 31 de agosto, em seis sessões de cinco horas cada, se acolherá ou não a denúncia oferecida há um ano e meio pelo Ministério Público Federal. Pelo rito processual, o MPF e os advogados dos 40 acusados vão dispor, ao todo, de dez horas e meia para a sustentação oral. Depois do voto do relator, cada ministro terá a palavra, podendo pedir vista dos autos e adiar a votação para outra sessão. Se até lá, com os recursos previstos em lei, os crimes ainda não estiverem prescritos, o julgamento final será numa sessão em que o MPF e os advogados falarão durante 41 horas.

Ensaio. O trabalho de reaproximação de Renan Calheiros (PMDB-AL) no recesso foi sutil. O presidente do Senado evitou ser ostensivo com colegas, mas chamou a atenção ao insistir na nova versão de que vendeu carne para o frigorífico Mafrial, e não para as empresas laranjas que aparecem nos recibos apresentados.

Nem aí. Os relatores do caso Renan no Conselho de Ética mandaram carta à jornalista Mônica Veloso para que ela confirmasse as datas dos recebimentos de recursos do presidente do Senado. Passadas algumas semanas, no entanto, ela não respondeu ao ofício.

Cansei. Olavo Calheiros (PMDB) anunciou no fim de semana o rompimento com o governador de Alagoas, Teo Vilela (PSDB). O deputado reclama da demora na reintegração de posse de sua fazenda invadida pelos sem-terra.

Rota de colisão. Ciro Gomes se desentende com o PSB do Ceará, que com respaldo do presidente nacional da sigla, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, tenta barrar a candidatura de sua ex-mulher, Patrícia Saboya, à prefeitura de Fortaleza.

Porta aberta. A Força Sindical acompanha de perto a ruptura entre PC do B e CUT. Presidente da central, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) articula aliança com o grupo de sindicalistas do partido, que planeja criar nova entidade até dezembro.

Outro lado. A Funasa afirma que os investimentos do PAC no Rio ainda não foram anunciados oficialmente. O encontro da semana passada com prefeitos, diz a fundação, foi apenas preparatório.

Movediço. Ao rejeitar o convite para comandar a Infraero, Rossano Maranhão não levou em conta apenas seu contrato com o Banco Safra. O ex-presidente do BB, que era a nome favorito do novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, não sentiu lá muita firmeza nos planos do governo para a estatal.

Olha eu aqui. Com a recusa de Maranhão, o ex-deputado petista Airton Soares, do conselho da Infraero, intensificou a campanha que move desde sempre para assumir a presidência da empresa.

Visitinha. Senadores da CPI do Apagão Aéreo querem uma reunião com Jobim para levar o relatório preliminar aprovado antes do recesso.

Sumiço 1. A crise, pelo jeito, não aflige só passageiros. O presidente da Pantanal, Marcos Sampaio, alegou "estresse agudo" para não comparecer hoje ao depoimento na CPI da Câmara. Seu atestado médico tem validade de 60 dias.

Sumiço 2. O presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), ficará fora de combate na primeira semana pós-recesso. Ao voltar de férias na Rússia, foi internado em Brasília com uma crise de diverticulite.

Trava-língua. Além de Dilma Rousseff, que falou "Paraíba" em vez de Piauí, também Lula se confundiu em visita ao Estado na sexta. Chamou o município de Gurguéia de "Gurjéia" e o de Jerumenha de "Jurumenha".
Tiroteio

"É a tática chavista de tentar dividir a sociedade. Lula se coloca como pai dos pobres, mas na verdade é apenas o pai dos mal-informados."


Do deputado ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre as críticas governistas ao movimento "Cansei", lançado pela OAB-SP, com o apoio de empresários, na esteira da tragédia em Congonhas.

Contraponto

O outro não pode

Antes de iniciar sua intervenção, ontem, em debate sobre a reforma política realizado na Universidade Federal de Alagoas, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Cezar Britto, cumprimentou um a um os participantes. Informado de que o estudante sentado no centro da mesa, responsável pela coordenação do evento, chamava-se Renan, não resistiu à piada, ainda mais por se encontrar no Estado natal do presidente do Senado:
-Apenas este Renan, somente este, eu aceito na presidência da mesa. E pode ficar tranqüilo: não vou pregar sua cassação, renúncia nem afastamento!


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