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Petistas e membros da base presidem 6 das 10 agências
Filiados a PT e PC do B dirigem os órgãos reguladores ligados a petróleo, aviação, água, cinema, saúde e segurança sanitária
Em sessão pública, senador
reclamou da "briga" entre
siglas para indicar diretores; ministro tem sobrinho na ANTT, mas nega indicação
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis das dez agências reguladoras do governo federal são
presididas por filiados ao PT ou
ao PC do B, partido integrante
da base aliada. Outros nove diretores também declararam
ser ou ter sido filiado a alguma
agremiação política: PT, PMDB
e DEM. Uma sétima agência é
comandada pelo filho de um
ex-senador do DEM-MG.
Segundo levantamento feito
pela Folha, a ANA (recursos
hídricos) é presidida por José
Machado, ex-deputado federal
do PT, o presidente da Anac
(aviação civil), Milton Zuanazzi, é um petista, assim como a
ANS (planos de saúde) e a Anvisa (segurança sanitária) são
presididas por filiados ao PT,
Fausto Pereira dos Santos e
Dirceu Raposo.
A ANP (petróleo) é presidida
pelo ex-deputado federal pelo
PC do B Haroldo Lima. Outro
filiado ao mesmo partido, Manoel Rangel, dirige a Ancine
(cinema). Os outros dois diretores da Ancine também são filiados ao PT, Nilson Rodrigues
e Leopoldo Nunes.
Mesma situação (três diretores, todos ligados ao PT) vive a
ANS. Além do presidente, é filiado ao partido o diretor José
Leoncio Feitosa. O outro diretor, Eduardo Marcelo de Lima
Sales, disse ter deixado a filiação petista em 1997.
A ANTT (transportes terrestres) é presidida por um não-filiado, José Alexandre Nogueira
de Resende, mas com parentesco de forte apelo político: ele
é filho do ex-senador Eliseu
Resende (DEM).
Das seis agências presididas
por filiados a partidos políticos,
apenas a ANA e a ANP informam essa condição ao público,
por meio de seus sites oficiais
na internet. A Anatel (telecomunicações) não informou se
seus diretores tiveram filiação
partidária no passado.
Durante a audiência que
aprovou, em 2006, as nomeações na ANP (petróleo), o senador José Jorge (DEM-PE) afirmou: "Normalmente, não é que
não tenha gente querendo ser
[diretor de agência], mas há
uma briga para ver quem indica. (...) Há excesso de gente: há
um do PT, outro do PP. Fica essa confusão para que sejam
indicados".
Em entrevista à Folha, o
presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários, Wilen Manteli, disse que o
"critério político é um grande
problema". "Temos que encontrar uma solução para acabar
com apadrinhamento político
nas nomeações. A indicação
política nas agências reguladoras está acabando com a infra-estrutura do país."
A Anac (aviação civil), na
berlinda com o caos aéreo,
além de ser presidida por um
petista, tem como diretor um
filiado ao PMDB, o ex-deputado federal Leur Lomanto, e
uma ex-assessora da Casa Civil,
a advogada Denise Abreu. A assessoria da Anac informou que
ela não tem filiação partidária.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), tem um sobrinho na
ANTT (transportes terrestres),
o publicitário Francisco de Oliveira Filho. Disse que não participou da indicação. "Francisco tem participação política em
Minas Gerais, foi da Fundação
Ulysses Guimarães [PMDB],
teve vida política muito intensa
no PMDB mineiro. O PMDB de
Minas o indicou para a diretoria. Não participei da indicação. Ele é da área de publicidade", disse o ministro. Sobre a
presidência da ANTT, Costa
confirmou que a indicação partiu do DEM. "O Alexandre Resende é filho do senador Eliseu,
que sempre viveu no setor. (...)
Ele desenvolveu o trabalho de
criação da ANTT."
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