São Paulo, terça-feira, 31 de julho de 2007

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Petistas e membros da base presidem 6 das 10 agências

Filiados a PT e PC do B dirigem os órgãos reguladores ligados a petróleo, aviação, água, cinema, saúde e segurança sanitária

Em sessão pública, senador reclamou da "briga" entre siglas para indicar diretores; ministro tem sobrinho na ANTT, mas nega indicação

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis das dez agências reguladoras do governo federal são presididas por filiados ao PT ou ao PC do B, partido integrante da base aliada. Outros nove diretores também declararam ser ou ter sido filiado a alguma agremiação política: PT, PMDB e DEM. Uma sétima agência é comandada pelo filho de um ex-senador do DEM-MG.
Segundo levantamento feito pela Folha, a ANA (recursos hídricos) é presidida por José Machado, ex-deputado federal do PT, o presidente da Anac (aviação civil), Milton Zuanazzi, é um petista, assim como a ANS (planos de saúde) e a Anvisa (segurança sanitária) são presididas por filiados ao PT, Fausto Pereira dos Santos e Dirceu Raposo.
A ANP (petróleo) é presidida pelo ex-deputado federal pelo PC do B Haroldo Lima. Outro filiado ao mesmo partido, Manoel Rangel, dirige a Ancine (cinema). Os outros dois diretores da Ancine também são filiados ao PT, Nilson Rodrigues e Leopoldo Nunes.
Mesma situação (três diretores, todos ligados ao PT) vive a ANS. Além do presidente, é filiado ao partido o diretor José Leoncio Feitosa. O outro diretor, Eduardo Marcelo de Lima Sales, disse ter deixado a filiação petista em 1997.
A ANTT (transportes terrestres) é presidida por um não-filiado, José Alexandre Nogueira de Resende, mas com parentesco de forte apelo político: ele é filho do ex-senador Eliseu Resende (DEM).
Das seis agências presididas por filiados a partidos políticos, apenas a ANA e a ANP informam essa condição ao público, por meio de seus sites oficiais na internet. A Anatel (telecomunicações) não informou se seus diretores tiveram filiação partidária no passado.
Durante a audiência que aprovou, em 2006, as nomeações na ANP (petróleo), o senador José Jorge (DEM-PE) afirmou: "Normalmente, não é que não tenha gente querendo ser [diretor de agência], mas há uma briga para ver quem indica. (...) Há excesso de gente: há um do PT, outro do PP. Fica essa confusão para que sejam indicados".
Em entrevista à Folha, o presidente da Associação Brasileira de Terminais Portuários, Wilen Manteli, disse que o "critério político é um grande problema". "Temos que encontrar uma solução para acabar com apadrinhamento político nas nomeações. A indicação política nas agências reguladoras está acabando com a infra-estrutura do país."
A Anac (aviação civil), na berlinda com o caos aéreo, além de ser presidida por um petista, tem como diretor um filiado ao PMDB, o ex-deputado federal Leur Lomanto, e uma ex-assessora da Casa Civil, a advogada Denise Abreu. A assessoria da Anac informou que ela não tem filiação partidária.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), tem um sobrinho na ANTT (transportes terrestres), o publicitário Francisco de Oliveira Filho. Disse que não participou da indicação. "Francisco tem participação política em Minas Gerais, foi da Fundação Ulysses Guimarães [PMDB], teve vida política muito intensa no PMDB mineiro. O PMDB de Minas o indicou para a diretoria. Não participei da indicação. Ele é da área de publicidade", disse o ministro. Sobre a presidência da ANTT, Costa confirmou que a indicação partiu do DEM. "O Alexandre Resende é filho do senador Eliseu, que sempre viveu no setor. (...) Ele desenvolveu o trabalho de criação da ANTT."


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