São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Maré baixa

A Secretaria Especial da Pesca, que ontem ganhou status de ministério e terá o orçamento turbinado para meio bilhão de reais por ano, só conseguiu executar 56% dos recursos de que dispunha para programas no ano passado. O percentual sobe para 64,3% se considerados os chamados restos a pagar (sobras de anos anteriores). Até julho deste ano, a pasta que funcionava vinculada ao gabinete da Presidência gastou 7,8% da verba disponível, segundo a ONG Contas Abertas -ou 16,5%, se incluídos os restos a pagar.
O agora ministro petista Altemir Gregolin, que no início do ano se enroscou para explicar a fatura de seu cartão de crédito corporativo, terá o quadro de servidores vitaminado de 200 para 400 funcionários.



Cardume. Do líder do PSDB na Câmara, José Aníbal, sobre os 200 cargos acrescentados à nova pasta: "No Ministério da Pesca, os peixes do PT vão nadar de braçada".

De acordo. Sem prejuízo da cortesia na despedida, Lula se convenceu já faz algum tempo de que estava mesmo na hora de Gilberto Gil abandonar o cargo, dada a evidente incompatibilidade entre a agenda artística do ministro e um mínimo de presença nas funções de governo.

Em resumo. Ouve-se no palácio que Gil emprestou fama e prestígio ao ministério, o que foi ótimo. Mas que não dá para dizer que, sob sua gestão, o governo Lula tenha produzido alguma marca na cultura.

Vamos ver. Na última vez em que Gil tentou sair e Lula o convenceu a ficar, houve uma espécie de combinado segundo o qual, quando o cantor deixasse o governo, seria substituído por seu número dois, Juca Ferreira. Mas há quem diga que tal acerto vale por uma interinidade e só.

Não é comigo. Quase sempre em desacordo com Aloizio Mercadante (PT-SP), José Serra evitou opinar quando os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Paulo Hartung (PMDB-ES) criticaram a proposta do senador para mudar critérios de pagamento de royalties -prejudicando os produtores e beneficiando São Paulo. "Não estou participando dessa discussão", desconversou o tucano.

Uni-duni-tê. De um tucano com alto cargo na gestão de Gilberto Kassab (DEM), explicando por que não irá hoje à noite ao estúdio da Band, onde o prefeito de São Paulo debaterá, entre outros, com Geraldo Alckmin (PSDB): "Onde é que eu iria sentar?".

Amigos assim. As equipes de Alckmin e de Marta Suplicy rezam fervorosamente para que Paulo Maluf (PP) repita no programa os recentes elogios feitos a Kassab.

Precursor. Lula advertiu o PT, mas, na Bahia, o primeiro partido a contrariar a orientação do presidente, recorrendo à Justiça para impedir que outros utilizem sua imagem, foi o PMDB. Em Caetité, o candidato a prefeito é do PT, e o vice, peemedebista. A ação tenta evitar que o PRB, da base aliada, use Lula na campanha.

O arquivo 1. Nos bastidores do caso Alstom, o nome do engenheiro mineiro Aloísio Vasconcelos é apontado como senha para explicar por que a investigação sobre os negócios da multinacional até agora não incomodou o governo federal. Ex-presidente da Alstom no Brasil, Aloísio tem ligação com o PMDB e é próximo do ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia).

O arquivo 2. Em 2005, Aloísio assumiu a presidência da Eletrobrás, cargo que ocupou até janeiro de 2007. Tinha influência sobre o programa "Luz para Todos", caro à gestão Lula. A atuação à frente da estatal o colocou como o quinto nome da lista de 61 denunciados na Operação Navalha, o escândalo envolvendo a Gautama. É acusado pelo Ministério Público de formação de quadrilha, desvio de recursos e gestão fraudulenta.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Votei a favor das pesquisas com células-tronco por acreditar em doenças hereditárias. Mas violência não é uma delas. Cabe ao Estado agir."

Do deputado FERNANDO GABEIRA (PV), candidato a prefeito do Rio, em resposta ao secretário estadual da Segurança, José Beltrame, que atribuiu a violência na cidade a uma questão cultural, "que muitas vezes o marginal traz do ventre da mãe".

Contraponto

Ponto futuro

Em evento realizado anteontem para promover a candidatura de Márcio Lacerda (PSB), os padrinhos poderosos Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) resolveram passar no Café Nice, estabelecimento de Belo Horizonte freqüentado por Juscelino Kubitscheck e que se tornou parada obrigatória para políticos em campanha.
Enquanto governador e prefeito dividiam as atenções, um assessor pediu ao garçom que trouxesse um café para "o candidato", que assim seria fotografado.
Intrigado, o funcionário perguntou:
-Mas eles já estão em campanha para 2010?
Trata-se do ano em que Aécio espera herdar a cadeira de Lula, e Pimentel, a do próprio Aécio.


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