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PF de Lula é que vazou grampos, diz Mendes
Para presidente do STF, na Polícia Federal da gestão Paulo Lacerda "havia uma decisão política de vazar" informações
Ministro defende advogados, acusados por
Tarso Genro (Justiça) de
revelar
informações de
inquéritos
sob segredo de Justiça
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro
Gilmar Mendes, disse ontem
que no governo do presidente
Lula a Polícia Federal adotou a
prática de vazar informações
sigilosas de inquéritos e essa
conduta foi orientada por uma
"decisão política".
Mendes atacou a PF ao ser
indagado sobre o fato de a OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) ter protocolado no STF um
pedido de explicações a ser encaminhado ao ministro da Justiça Tarso Genro, que acusou
advogados de vazamentos.
Na terça-feira, Genro disse
que o sigilo de Justiça "praticamente terminou no país", ao
comentar a divulgação pela imprensa de conversas entre José
Sarney, o filho dele, Fernando
Sarney e neta do presidente do
Senado, Maria Beatriz Sarney,
grampeados na Operação Boi
Barrica da PF.
O presidente do STF respondeu que não iria fazer comentários sobre o pedido da OAB,
pois poderia ter que julgar o requerimento, e lembrou de uma
decisão recente do STF que garantiu a advogados acesso a inquéritos e ações sob sigilo.
Em seguida, o magistrado
passou a disparar: "É verdade
que no modelo anterior em que
o inquérito era puramente sigiloso havia vazamentos. Aí não
se pode dizer que era culpa dos
advogados. Os advogados não
tinham acesso. A Polícia Federal durante todo o governo Lula
praticou com grande tranquilidade a prática do vazamento".
O ataque prosseguiu com
menção a Paulo Lacerda, ex-diretor geral da PF: "Eu acho que
é até uma marca da gestão Paulo Lacerda na PF. Era o vazamento, até vazamento para dadas emissoras de televisão. Então não era um modelo de processo sigiloso. Havia vazamentos porque havia uma decisão
política de vazar", disse.
Lacerda foi diretor-geral da
PF de 2003 a 2007, e na gestão
dele as investigações da Operação Satiagraha começaram.
Quando ocorreu a prisão do
banqueiro Daniel Dantas, em
julho de 2008, Lacerda dirigia a
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que forneceu agentes para a Satiagraha. Naquele
mês, o juiz Fausto De Sanctis
decretou a prisão de Dantas por
duas vezes, mas o banqueiro foi
libertado por duas decisões de
Mendes, que desde então tem
acusado a PF de ilegalidades.
Zerar
Indagado sobre as declarações de Mendes, Genro afirmou, em nota, que "o esforço
do STF na garantia da ampla
defesa tem o total apoio do Ministério da Justiça. Evidentemente, o acesso aos autos pelos
investigados e seus advogados
pode, efetivamente, facilitar os
vazamentos. Foi exatamente o
que falei recentemente. Quanto a vazamentos anteriores, a
nossa meta, desde que assumi o
Ministério, é zerá-los".
Sobre o pedido de explicações da OAB, Genro disse: "É
justo e vou atendê-lo. Como já
fiz anteriormente, aliás, tendo
bastado um simples telefonema do presidente [da OAB] Cezar Brito para que todas as explicações fossem dadas".
Paulo Lacerda, que atualmente é adido policial em Portugal, não foi localizado.
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