São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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JUSTIÇA

"Fora de prazo o advogado do candidato oficial recorreu e, mesmo fora do prazo, o recurso foi examinado", diz candidato

Ciro insinua que TSE favoreceu tucano

Juca Varella/Folha Imagem
O candidato Ciro Gomes concede entrevista na produtora onde grava seus programas eleitorais


EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Em um tom brando e tentando aparentar tranquilidade, o candidato a presidente pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes (PPS), insinuou ontem que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) agiu na ilegalidade e "fora do prazo" ao acolher recurso do candidato tucano à Presidência, José Serra.
Anteontem à noite, por 4 votos a 3, o tribunal livrou o presidenciável do PSDB da perda em dobro do tempo gasto para levar ao ar, durante propaganda na TV, o áudio da frase em que o pepessista chama de "burro" um ouvinte de uma rádio baiana.
Caso o candidato tucano fosse condenado, ele perderia 44 comerciais de 30 segundos. No programa em bloco, seriam descontados cerca de dois minutos.
"Para a minha surpresa, o juiz [Caputo Bastos, no último dia 26] condenou, viu a ilegalidade, e fora de prazo o advogado do candidato oficial recorreu e, mesmo fora do prazo, o recurso ainda assim foi examinado", declarou Ciro, durante entrevista no estúdio em que grava seus programas eleitorais, em São Paulo.
Ao comentar o tema, o pepessista aproveitou para mais uma vez criticar o candidato do PSDB, ao qual sempre se refere como "candidato do governo".
"Eu estou sendo transformado em um mostro na propaganda covarde, sem assinatura, feita por um homem covarde, que sempre agiu assim e que não tem coragem de enfrentar ninguém num debate correto, sério, de frente."
No final da tarde, ao tomar conhecimento da decisão do TSE de conceder a Serra direito de resposta de um minuto no programa da Frente Trabalhista, a assessoria de Ciro caracterizou-a como "um absurdo impressionante" e que o candidato não falaria sobre caso. Segundo ela, os advogados da coligação vão recorrer da decisão.
Além de José Serra, o candidato petista ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, foi atacado pelo pepessista. "Eu acho que ele é inexperiente."
"Não duvido nada da seriedade das propostas do Lula. Meu embate é que o Lula não fala por si, pois fez essa opção de ter como primeira experiência a Presidência da República."
Em seguida, as críticas de Ciro ao petista se transformaram em ironia. "Se você tomar a coleção de opiniões do Lula sobre dívida externa, dívida interna, Fundo Monetário Internacional [FMI], isso vai mostrar uma incoerência inexplicável", declarou.
Em entrevista, Ciro negou que tenha sofrido pressões para mudar a linha de seus programas eleitorais no rádio e na televisão, após a aproximação de Serra nas últimas pesquisas, ameaçando a sua segunda colocação.
"Eu não estou sofrendo pressão [para mudar a campanha]. Todo mundo tem uma idéia. A ciência é você ouvir tudo. Você recolhe todas as opiniões", declarou o candidato da Frente Trabalhista.
Sobre a opção de responder a todos os ataques feitos pelos tucanos, o pepessista afirmou que as equipes de sua página na internet e de seus programas de rádio e TV possuem carta branca para contra-atacar os adversários.
"O site [página na internet] é uma ferramenta que eu vinha controlando muito. Mas agora o meu pessoal está liberado, eu não preciso nem saber. A TV também é livre. Mas eu não vou perder a calma", disse Ciro.
No estúdio, antes da coletiva, Ciro recebeu a visita do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen. Eles conversaram por meia hora sobre detalhes dos programas de TV. O pefelista deixou o local sem falar com a imprensa.



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