São Paulo, sábado, 31 de agosto de 2002

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Garotinho se diz "frustrado" com Lula

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA

O candidato à Presidência Anthony Garotinho (PSB) ironizou ontem, durante campanha em Uberlândia (MG), as declarações elogiosas feitas pelo adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governo do general Emílio Garrastazu Médici e disse temer que o petista repita o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) caso seja eleito.
Em entrevista anteontem ao telejornal "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, Lula elencou realizações do governo militar -"com todos os defeitos de visão política que [os militares] tiveram"- e destacou, de forma positiva, os seguidos anos de alto crescimento econômico na gestão Médici (1969-74), marcada pelo período de maior repressão política e policial do regime militar.
"Como ex-eleitor de Lula, eu me sinto frustrado com o Lula de hoje. O Lula que elogia os militares. Não os militares como um todo, pois os bons militares são os bons militares, que prestaram e prestam ao Brasil um grande serviço, mas aqueles que fizeram um período de exceção no Brasil", disse.
Garotinho acrescentou: "O Lula que ultimamente tem feito cafuné nos banqueiros, o Lula que vai se encontrar com o presidente Fernando Henrique e faz uma reunião secreta. O Lula que, agora, se encontra com o Sarney [José Sarney, ex-presidente] e diz que as divergências do passado, quando ele dizia "Xô, Sarney", são coisas superadas".
O candidato do PPS disse temer que o petista, se vier a ser eleito, repita FHC e diga aos eleitores "Esqueçam tudo o que eu disse no passado". "Ele não pode dizer "Rasguem os livros que eu escrevi porque ele nunca escreveu livro nenhum", ironizou Garotinho, em referência a declarações proferidas pelo atual presidente.

Dívida
A respeito da dívida do setor público do país -que saltou de 30%, no começo de 95, para 61,9% em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)-, Garotinho afirmou que o aumento é resultado de erro na política de juros.
Sobre o salário mínimo, o candidato disse ser "perfeitamente possível" conceder o aumento que promete na sua campanha -dos atuais R$ 200 para R$ 280 até maio do ano que vem. Sua fórmula combina uma redução das taxas de juros com um corte de 10% nos gastos com custeio da máquina governamental.
O presidenciável fez caminhada e panfletagem ontem no centro de Uberlândia, ao lado de candidatos locais da coligação e da postulante do PSB ao governo de Minas, Margarida Vieira. Antes de seguir para Uberaba e Araxá, participou de um almoço promovido por uma igreja evangélica.



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