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Garotinho se diz "frustrado" com Lula
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM UBERLÂNDIA
O candidato à Presidência Anthony Garotinho (PSB) ironizou
ontem, durante campanha em
Uberlândia (MG), as declarações
elogiosas feitas pelo adversário
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao
governo do general Emílio Garrastazu Médici e disse temer que o
petista repita o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
caso seja eleito.
Em entrevista anteontem ao telejornal "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, Lula elencou realizações do governo militar -"com
todos os defeitos de visão política
que [os militares] tiveram"- e
destacou, de forma positiva, os seguidos anos de alto crescimento
econômico na gestão Médici
(1969-74), marcada pelo período
de maior repressão política e policial do regime militar.
"Como ex-eleitor de Lula, eu me
sinto frustrado com o Lula de hoje. O Lula que elogia os militares.
Não os militares como um todo,
pois os bons militares são os bons
militares, que prestaram e prestam ao Brasil um grande serviço,
mas aqueles que fizeram um período de exceção no Brasil", disse.
Garotinho acrescentou: "O Lula
que ultimamente tem feito cafuné
nos banqueiros, o Lula que vai se
encontrar com o presidente Fernando Henrique e faz uma reunião secreta. O Lula que, agora, se
encontra com o Sarney [José Sarney, ex-presidente] e diz que as
divergências do passado, quando
ele dizia "Xô, Sarney", são coisas
superadas".
O candidato do PPS disse temer
que o petista, se vier a ser eleito,
repita FHC e diga aos eleitores
"Esqueçam tudo o que eu disse no
passado". "Ele não pode dizer
"Rasguem os livros que eu escrevi
porque ele nunca escreveu livro
nenhum", ironizou Garotinho,
em referência a declarações proferidas pelo atual presidente.
Dívida
A respeito da dívida do setor público do país -que saltou de
30%, no começo de 95, para 61,9%
em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)-, Garotinho afirmou
que o aumento é resultado de erro
na política de juros.
Sobre o salário mínimo, o candidato disse ser "perfeitamente
possível" conceder o aumento
que promete na sua campanha
-dos atuais R$ 200 para R$ 280
até maio do ano que vem. Sua fórmula combina uma redução das
taxas de juros com um corte de
10% nos gastos com custeio da
máquina governamental.
O presidenciável fez caminhada
e panfletagem ontem no centro de
Uberlândia, ao lado de candidatos
locais da coligação e da postulante
do PSB ao governo de Minas,
Margarida Vieira. Antes de seguir
para Uberaba e Araxá, participou
de um almoço promovido por
uma igreja evangélica.
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