LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM NOVO HAMBURGO

Depois de ser considerado o inimigo número um do cigarro quando foi ministro da Saúde, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, defendeu ontem, no Rio Grande do Sul, os produtores de fumo e afirmou que eles têm "possibilidade de se expandir".
"Tomamos medidas no Ministério da Saúde, medidas que continuam, contra o hábito do cigarro, mas não contra produtores do fumo", disse o tucano. "Os produtores têm outras possibilidades de expandir: exportando mais e combatendo o contrabando."
Segundo Serra, "um terço dos cigarros consumidos no Brasil é contrabandeado". "Isso tira empregos e impostos do Brasil. Interessa muito para a gente a exportação. Vamos continuar a incentivando. O problema do combate ao hábito do fumo é de cada país."
As declarações de Serra ocorrem no Estado em que a cultura do fumo tem importância econômica. Santa Cruz do Sul é considerada a capital nacional do fumo. Há polêmica na região em relação às medidas que Serra tomou contra a indústria do tabaco.
Chegou a ser marcada, e depois cancelada, uma visita da candidata a vice na chapa do tucano, Rita Camata (PMDB), ao município. A coordenação da campanha a julgou inconveniente. Rita é uma fumante inveterada.
Serra disse que não vê "muito problema" no plantio das variedades já testadas de soja e algodão transgênicos. Essas declarações provocaram aplausos dos ruralistas durante a Feira Agropecuária Expointer, em Esteio (RS), cidade visitada ontem pelo tucano.

Orçamento
O candidato evitou falar sobre o projeto orçamentário que está sendo enviado para o Congresso com valor inferior ao desse ano.
"Ele [o projeto] vai ser discutido e aprovado até 31 de dezembro. Temos quatro meses e vamos ter dois meses após as eleições, quando eu espero estar eleito. Depois da eleição a gente vai examinar o projeto de lei orçamentaria conjuntamente com o atual governo e com o Congresso", disse.
Serra defendeu também a aprovação da medida provisória do PIS-Pasep, mas com algumas modificações. Ele quer incluir crédito presumido para a agroindústria.
Em sua visita ao Rio Grande do Sul, o tucano teve recepção bem maior do que tivera em suas outras visitas ao Estado, no momento em que sobe nas pesquisas.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que abria pela primeira vez seu voto a Serra. Além disso, classificou o candidato do PPS, Ciro Gomes, como o representante da direita.



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