|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CNBB teme que aliança entre Lula e Sarney seja apenas "conchavo"
FERNANDA NARDELLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), dom Jayme Chemello, criticou ontem as alianças de partidos adversários na eleição, como
o apoio do senador José Sarney
(PMDB-AP) ao presidenciável
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Na reconciliação, os dois lados
mudam. Do contrário, é apenas
um conchavo, o que é ruim", disse dom Jayme em entrevista em
Brasília. Acrescentou que a aliança só vale se representar um esforço para conseguir unidade no
país. "Política é a busca do poder.
Como chegar ao poder sozinho?"
Segundo ele, o povo deve observar as alianças e acompanhar o resultado depois das eleições.
Na última terça, Sarney declarou apoio público a Lula após reunião em Brasília. O senador será
consultado na formação de um
eventual governo petista, tentará
atrair mais peemedebistas e dará
seu aval perante a comunidade
internacional e os militares.
A aproximação foi facilitada pela boa convivência entre Sarney e
o PT no Senado. Durante o governo Sarney, o PT não deu trégua ao
governo. Ex-assessores de Sarney
lembram que a oposição era sistemática, incluindo a realização de
greves de trabalhadores no país. O
relacionamento mudou na gestão
de José Sarney como presidente
do Senado (fevereiro de 1995 a fevereiro de 1997), período em que
havia diálogo e respeito mútuo.
Alca
O presidente da CNBB falou
também sobre a ausência de
apoio do PT na realização do plebiscito sobre a Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), que será realizado entre amanhã e o dia
7. "Todo mundo é livre para participar. Não vou acusar ninguém.
Quem não quer participar, depois
vai ter que se explicar", disse.
"Vocês estão vendo que nós [a
igreja e o PT" não somos iguais."
O PT desistiu de participar do plebiscito sobre a Alca para evitar o
uso político contra o partido.
A CNBB demostrou preocupação em relação às consequências
que a Alca pode trazer para os países mais pobres. Segundo dom
Jayme, os bispos acreditam na necessidade de uma discussão mais
ampla em relação ao acordo, para
que os resultados não sejam semelhantes aos do Nafta (sigla em
inglês para Acordo de Livre Comércio da América do Norte).
Com base em relatos de bispos
do Canadá e do México, a CNBB
avalia que, se a Alca seguir os
mesmos moldes do Nafta, não beneficiará o Brasil. "O acordo gerou desemprego até nos Estados
Unidos", disse dom Jayme. "A
CNBB não tem uma posição contra a Alca. Só queremos defender
o interesse de todos. Se eu colocar
uma criança lutando com um
adulto, o que acontece?", disse referindo-se ao Brasil e aos EUA.
Com relação às pesquisas eleitorais, o presidente da CNBB disse
que elas foram muito precipitadas. Segundo ele, há pouco tempo, metade dos eleitores não sabia
em quem votar. "Se eu tenho esses 50%, ganho a eleição."
Para dom Jayme, a campanha
presidencial ainda não está definida e que os programas dos candidatos estão muito parecidos.
Texto Anterior: Malan defende Armínio à frente do BC até março Próximo Texto: Tour Carioca: Petista participa de 'barqueata' Índice
|