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PRESIDENTE
Na educação, presidenciáveis têm proposta contrária à política de FHC para o ensino superior
Quatro candidatos contra um professor
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O futuro do ensino superior
opõe as propostas dos quatro
principais candidatos a presidente e o atual governo.
Todos eles prometem aumentar
o número de matrículas sem cobrar mensalidades em universidades públicas. As projeções de
aumento significativo de vagas no
ensino superior sem cobrar mensalidade vão na direção contrária
à apontada pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
Em entrevista à Folha no ano
passado, no período de greve das
universidades federais, o ministro
previu o esgotamento em "cinco
ou seis anos" do modelo de financiamento do ensino superior público atual, que não prevê a cobrança de mensalidade.
Além disso, o eleitor já pode
anotar também: o futuro presidente prometeu dar mais recursos federais para aumentar as vagas na educação infantil, no ensino médio e no ensino superior.
As promessas são pontos comuns nas propostas de todos os
principais candidatos. O desafio
para todos também é comum: de
onde tirar recursos para realizar
todas as promessas.
Para cumprir metas ousadas como a universalização da pré-escola (Lula, do PT), a ampliação em
50% do número de jovens de 15 a
17 anos no ensino médio (José
Serra, do PSDB), a duplicação das
matrículas no ensino médio (Anthony Garotinho, do PSB) ou a
criação de 260 mil novas vagas no
ensino superior (Ciro Gomes, da
Frente Trabalhista), os candidatos contam com a retomada do
crescimento econômico em patamares superiores aos atuais e com
a otimização dos gastos.
Os candidatos também concordam ao prometer universalizar
(ou chegar bem perto disso) o
acesso das crianças de 4 a 6 anos à
pré-escola. Para isso, falam na
ampliação do Fundef (fundo criado em 1997 e que garantiu recursos ao ensino fundamental) para
a educação infantil.
Outro ponto em comum entre
todos é a substituição do vestibular por um modelo que leve em
conta o desempenho do estudante durante todo o ensino médio.
Carlos Maldonado (assessor de
Ciro para a educação), Rose Neubauer (Serra) e Wanderley de
Souza (Garotinho) citam o Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) como possível instrumento
que pode ser utilizado para essa finalidade.
Newton Lima (Lula) afirma que
o PT também é contrário, a princípio, ao vestibular tradicional,
mas propõe uma mudança gradual no sistema. "A progressão
para um novo modelo deve ser
feita de forma planejada e acompanhada da melhoria da qualidade do ensino médio. O fim intempestivo do atual sistema poderia
causar uma ainda maior elitização do ensino superior", afirma.
Nesse ponto, a dificuldade que
os candidatos enfrentarão será
convencer as universidades públicas a aderirem ao novo modelo. As instituições gozam de autonomia didática garantida pela
Constituição.
Apesar de a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), aprovada em 1996, ter flexibilizado a forma de acesso ao ensino superior,
poucas universidades públicas
adotaram o Enem ou substituíram o modelo de um vestibular
com prova única.
Quanto às divergências entre os
candidatos, um dos principais
pontos é com relação às cotas nas
universidades públicas. O programa de Lula defende as cotas para
negros, enquanto o de Garotinho
fala de reserva de vagas nas novas
vagas criadas.
"Fomos pioneiros na implementação de reserva de 50% das
vagas para alunos provenientes
da escola pública no Rio. Nosso
projeto prevê a sua aplicação para
as novas vagas a serem criadas no
ensino superior público", afirma
Wanderley de Souza, assessor de
Garotinho.
No caso de Serra e de Ciro, há
mais cautela ou resistência quanto à adoção do sistema. "A questão das cotas deverá ser ainda objeto de discussão com a sociedade, pois parece não existir consenso a este respeito", afirma Rose
Neubauer, assessora de Serra.
Carlos Maldonado, assessor de
Ciro, afirma que a discussão sobre
as cotas é polêmica até mesmo
dentro da frente de partidos que
apóiam o candidato.
"O programa de educação de
Ciro ainda não está finalizado.
Num primeiro momento, fomos
contrários às cotas, mas essa é
uma discussão que será feita internamente e com a sociedade."
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