São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Guerra das qualis 1

O comando da campanha de Lula foi dormir na terça-feira contando cinco motivos para comemoração: Sensus, Datafolha, FHC no "Jornal Nacional" a atacar seu sucessor, o horário eleitoral mais agressivo de Geraldo Alckmin e, por fim, a avaliação negativa do programa do tucano na pesquisa qualitativa conduzida pela equipe do candidato do PT.
Segundo coordenadores, cerca de metade dos entrevistados em oito capitais nem ao menos entendeu que as referências do locutor, no trecho final, a mensalão e outros escândalos faziam parte da propaganda de Alckmin, julgando que se tratava do horário de algum nanico. A outra metade reagiu mal à ofensiva.

Guerra das qualis 2. A informação no QG tucano ontem era outra. De acordo com os responsáveis pela campanha, o programa de Alckmin foi considerado melhor que o de Lula em grupos de view-fact (avaliação instantânea que mistura elementos quantitativos e qualitativos) realizados em sete capitais.

Guerra das qualis 3. O placar nos grupos antes da exibição dos programas era de 28 eleitores pró-Alckmin, 30 pró-Lula e 13 de outros candidatos ou indecisos. Depois, teria mudado para 47 (Alckmin), 21 (Lula) e 3 (outros).

Floral. Bastou a inflexão na propaganda de Alckmin para o clima no PFL desanuviar. A cúpula da sigla colheu do cientista político Antonio Lavareda a seguinte avaliação: se a diferença entre Lula e os demais candidatos cair para 8 pontos nas próximas pesquisas, haverá segundo turno.

Retranca. A ordem na campanha de Alckmin é não avançar o sinal na TV a ponto de Lula conseguir direito de resposta no TSE. "Isso transformaria o que pode ser um gol em gol contra", diz um dirigente pefelista, após conversa com o QG da propaganda.

Quórum. O PSDB organiza para segunda-feira que vem uma caminhada pelo centro de São Paulo. Batizado de "mutirão da arrancada", o ato ocorrerá na hora do almoço para que seja engrossado por tucanos empregados na prefeitura e no governo estadual.

Polêmica. O PFL preparava ontem representação à Justiça Eleitoral contra levantamento do Ibope para o Senado em Santa Catarina. O instituto não incluiu entre os municípios pesquisados Lages, onde o candidato da sigla, Raimundo Colombo, foi prefeito.

Repaginado. José Dirceu, piloto da votação da reforma da Previdência em 2003 como ministro da Casa Civil, agora diz em seu blog que uma nova mudança no setor "faz parte do tripé do discurso conservador e do programa de governo tucano-pefelista". As duas outras "pernas" seriam corte de gastos e reforma tributária.

Do contra. Já o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci defendeu em palestra ontem para economistas paulistas tudo aquilo que o PT omitiu em seu programa de governo, citando alterações tributárias e na Previdência.

Por fora. O lançamento de Fernando Collor (PRTB-AL) ao Senado assustou o adversário José Thomaz Nonô (PFL). Se o favorito Ronaldo Lessa (PSB) for mesmo barrado pela Justiça Eleitoral, o segundo colocado ficará com a cadeira desde que tenha mais de 50% do restante dos votos válidos.

Na miúda. Collor deixou para registrar sua candidatura na undécima hora a fim de adiar o bombardeio a que será submetido por Nonô e aliados de Renan Calheiros (PMDB).

Ainda dá. No apagar das luzes do governo, o ministro Hélio Costa (Comunicações) negociava ontem no Senado com José Sarney e Renan Calheiros a indicação de Emília Ribeiro, assessora da presidência da Casa, para um lugar vago no Conselho da Anatel.

Tiroteio

"FHC quebrou a economia e mostrou sua vocação de demolidor. Agora ataca de incendiário. Baixou o Nero no ex-presidente."
Do líder do PT na Câmara, HENRIQUE FONTANA (PT-RS), sobre o discurso de Fernando Henrique Cardoso em que o ex-presidente conclama o PSDB a colocar "fogo no palheiro" na campanha contra Lula.

Contraponto

Imprensa livre

Em recente viagem de carro pelo interior de Sergipe, o candidato ao governo Marcelo Déda (PT) discutia a cobertura da campanha pela imprensa com os aliados Antonio Carlos Valadares, senador pelo PSB, e Jackson Barreto, petebista que já comandou a Prefeitura de Aracaju.
-Valadares, saiu na coluna social que você tem 58 anos. Tem de ligar lá e avisar que são 62 -, brincou Barreto.
O senador, irônico, respondeu:
-Acha que eu, senador por um partido de esquerda, vou atentar contra a liberdade de imprensa? Se o jornal quer me dar 58 anos, acho que é legítimo e democrático.


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