São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Alckmin diz que Lula "está roubando dinheiro do povo"

Para tucano, presidente faz uso "despudorado" da máquina pública em campanha

Presidenciável do PSDB diz que petista economiza para o PT ao usar visitas como presidente para gravar imagens para a televisão


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Candidato à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "está roubando dinheiro do povo", afirmou ontem no Rio o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin.
Alckmin disse que o presidente "está roubando" quando se referia a atos de campanha dos quais ele vem participando. O tucano acusou Lula de fazer a campanha valendo-se de facilidades propiciadas pelo cargo de presidente da República.
De acordo com o ex-governador de São Paulo, a campanha de Lula vem sendo caracterizada pela "utilização despudorada da máquina pública". Disse ainda que, ao circular pelo país, "o presidente está fazendo economia para o PT".
"Ele tem que fazer o evento para sair na televisão, então ele visita a Petrobras, visita o Banco do Brasil, visita a Caixa Econômica Federal. É só política. Mas faz como se fosse presidente. Não, está errado", afirmou Alckmin.
A frase em que diz que o presidente rouba foi dita em seguida pelo candidato tucano.
"Ele está roubando o dinheiro do povo. Olha a que pontos nós chegamos. Ficou tudo normal. Mas como normal? Isso é crime. Olha o exemplo que está dando para uma prefeiturazinha pequenininha lá do interior do país o presidente da República. Então, é a utilização da máquina, propaganda."
O duro ataque do candidato tucano ao presidente ocorreu durante sabatina promovida pelo jornal "O Globo".

Televisão
Alckmin disse que a televisão mostrou bem nos últimos meses o suposto aproveitamento de Lula da função de presidente para difundir mais ainda sua imagem por todo o país.
"Até junho era impressionante. Você ia mudando o canal e acompanhando as propagandas do governo", disse.
A liderança de Lula nas pesquisas de intenção de votos foi creditada pelo candidato do PSDB também ao fato de ser presidente e ter disputado quatro eleições presidenciais.
"Você vai somando o "recall", a utilização da máquina, a exposição na mídia. Com tudo isso, tem 49% do aprovação."
A última pesquisa Datafolha mostra Lula com 50% das intenções de votos, contra 27% de Alckmin.
Apesar da distância e de estar a um mês da eleição, o candidato do PSDB reafirmou que estará no segundo turno e que ganhará a disputa com Lula.
"Isso muda, isso é um processo de natureza eleitoral. As pessoas se impressionam com pesquisa um tempo antes. Voto é no dia 1º de outubro." Alckmin falou acreditar que as definições de votos ocorrerão mais à frente. Entre as razões da demora na escolha, citou o "desencanto com a política".

Dificuldades
O fato de correligionários do PSDB estarem aderindo a Lula foi minimizado pelo ex-governador. Os casos do Ceará e de Pernambuco foram citados.
"Eu não vou ficar choramingando. Claro que, se todo mundo ajudasse, eu iria mais depressa [subir nas pesquisas]", disse ele, que apontou a primeira eleição que disputou, aos 23 anos em Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal, como a mais difícil. "Estou muito bem na campanha. Para mim, [essa eleição] não é a mais difícil. Já disputei mais duras."
Alckmin reafirmou não acreditar que haja ligações entre PT e PCC. "Não faço ligações de natureza partidária. Mas que tem ligação com processo eleitoral, interferência, não tem dúvida", disse.


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