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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Intelectuais cobram de Alckmin mais ataques contra Lula
"Tem que dizer, tem que falar", afirmou grupo reunido em apoio a tucano, o que causou constrangimento a candidato
"Não se ganha eleição com agenda negativa. Eleição é esperança", diz Alckmin; artistas rebatem declaração
de Paulo Betti sobre ética
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, passou ontem à noite por uma
"saia justa" quando, em encontro com artistas e intelectuais, a
platéia, de aproximadamente
cem pessoas, entoou um coro
de "tem que dizer, tem que falar", pedindo ao tucano críticas
mais ásperas ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
no campo da ética.
A "deixa" foi dada pelo deputado federal Roberto Freire
(PPS-PE). Em discurso, ele disse: "Nós estamos tão indignados que nós gostaríamos de ver
na televisão alguém dizendo
tudo isso que nós estamos dizendo em relação ao governo
[do presidente Lula]".
Freire discursava após o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e o candidato do PSDB
ao governo de São Paulo, José
Serra, que já haviam criticado
Lula no plano da ética.
A platéia interrompeu o deputado e presidente do PPS
com aplausos entusiasmados.
Em seguida, um grupo à frente
do palco puxou o coro: "Tem
que dizer, tem que falar".
Ao notar o constrangimento
de Alckmin, também no palco,
ao lado de Serra e FHC, Freire
tentou remediar. "Calma, me
permitam concluir. Minha
conclusão não é essa", disse ele.
Alckmin, atrás de Lula 23
pontos na última pesquisa Datafolha, resistiu até anteontem
à idéia de citar escândalos de
corrupção envolvendo membros do PT e do governo em
seus programas do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Ainda assim o fez por meio
de um apresentador.
"Tem que ser mais crítico,
mais agressivo com tudo isso,
essa corrupção que nós estamos vendo", disse a psicanalista Maria Cecília Parasmo, que
puxou o coro ontem.
Último a falar, Alckmin minimizou a importância dos ataques. "Não se ganha eleição
com agenda negativa. Eleição é
esperança. Mas estou fazendo
tudo que um brasileiro deve fazer, contestando a corrupção."
O evento de ontem à noite,
em São Paulo, foi resposta ao
encontro de Lula com a classe
artística e intelectual, também
na capital paulista, na segunda.
Além dos programas de rádio
e TV da coligação PSDB-PFL,
as declaração do ator Paulo
Betti, apoiador de Lula, de que
é "difícil fazer política sem sujar as mãos" monopolizou as
discussões entre os presentes.
Serra discursou que o PT e
seus simpatizantes têm deixado claro que os fins "justificam
os meios". Segundo ele, o Brasil
sob Lula tem "um projeto de
subdesenvolvimento".
"Quando, em função de um
grupo político, você abdica de
seus princípios, como moral e
ética, fica complicado e libera
você para muitas outras coisas.
Quando dizem que roubar pode, daqui a pouco vão dizer que
matar e estuprar também", disse o ator Juca de Oliveira.
Também estiveram presentes a atriz Irene Ravache, o
cientista político Leôncio Martins, a escritora Patrícia Mello,
entre outros. A maior ausência
foi a atriz Regina Duarte, historicamente ligada ao PSDB.
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