São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Intelectuais cobram de Alckmin mais ataques contra Lula

"Tem que dizer, tem que falar", afirmou grupo reunido em apoio a tucano, o que causou constrangimento a candidato

"Não se ganha eleição com agenda negativa. Eleição é esperança", diz Alckmin; artistas rebatem declaração de Paulo Betti sobre ética


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, passou ontem à noite por uma "saia justa" quando, em encontro com artistas e intelectuais, a platéia, de aproximadamente cem pessoas, entoou um coro de "tem que dizer, tem que falar", pedindo ao tucano críticas mais ásperas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no campo da ética.
A "deixa" foi dada pelo deputado federal Roberto Freire (PPS-PE). Em discurso, ele disse: "Nós estamos tão indignados que nós gostaríamos de ver na televisão alguém dizendo tudo isso que nós estamos dizendo em relação ao governo [do presidente Lula]".
Freire discursava após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, que já haviam criticado Lula no plano da ética.
A platéia interrompeu o deputado e presidente do PPS com aplausos entusiasmados. Em seguida, um grupo à frente do palco puxou o coro: "Tem que dizer, tem que falar".
Ao notar o constrangimento de Alckmin, também no palco, ao lado de Serra e FHC, Freire tentou remediar. "Calma, me permitam concluir. Minha conclusão não é essa", disse ele.
Alckmin, atrás de Lula 23 pontos na última pesquisa Datafolha, resistiu até anteontem à idéia de citar escândalos de corrupção envolvendo membros do PT e do governo em seus programas do horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Ainda assim o fez por meio de um apresentador.
"Tem que ser mais crítico, mais agressivo com tudo isso, essa corrupção que nós estamos vendo", disse a psicanalista Maria Cecília Parasmo, que puxou o coro ontem.
Último a falar, Alckmin minimizou a importância dos ataques. "Não se ganha eleição com agenda negativa. Eleição é esperança. Mas estou fazendo tudo que um brasileiro deve fazer, contestando a corrupção."
O evento de ontem à noite, em São Paulo, foi resposta ao encontro de Lula com a classe artística e intelectual, também na capital paulista, na segunda.
Além dos programas de rádio e TV da coligação PSDB-PFL, as declaração do ator Paulo Betti, apoiador de Lula, de que é "difícil fazer política sem sujar as mãos" monopolizou as discussões entre os presentes.
Serra discursou que o PT e seus simpatizantes têm deixado claro que os fins "justificam os meios". Segundo ele, o Brasil sob Lula tem "um projeto de subdesenvolvimento".
"Quando, em função de um grupo político, você abdica de seus princípios, como moral e ética, fica complicado e libera você para muitas outras coisas. Quando dizem que roubar pode, daqui a pouco vão dizer que matar e estuprar também", disse o ator Juca de Oliveira.
Também estiveram presentes a atriz Irene Ravache, o cientista político Leôncio Martins, a escritora Patrícia Mello, entre outros. A maior ausência foi a atriz Regina Duarte, historicamente ligada ao PSDB.


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