São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

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Presidente diz que, antes dele, economia do país se arrastava como num "xaxado"

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia após o programa de governo do PT ter apontado pefelistas e tucanos como causadores da concentração de renda e da estagnação da economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu na mesma linha. Num discurso oficial em evento sobre biocombustível na CNI (Confederação Nacional da Indústria), disse que antes de sua gestão "a economia brasileira se arrastou mais ou menos como o xaxado".
"Estávamos devendo bilhões e bilhões de dólares, não tínhamos feito distribuição de renda correta. Aí passamos praticamente 20 anos em que a economia brasileira se arrastou, mais ou menos como o xaxado. Arrastava só o pé porque, se levantasse, gastava muita energia," disse Lula. Dança do sertão nordestino, o xaxado deve seu nome ao som que as sandálias dos cangaceiros faziam quando se arrastavam no chão.
A citação à dança não foi por acaso. Antes de sua fala, Lula ouviu um especialista em biodiesel dizer que os nordestinos, para se cansar menos, dançavam xaxado sem tirar os pés do chão. Lula gostou da história e a adaptou ao seu discurso, em parte lido e em parte improvisado. Quando deixou o texto de lado, mirou seus ataques nos tucanos. Repetiu que tem "levado o Brasil a sério" e enalteceu a necessidade de crescimento com distribuição de renda. Ele usou o apagão de 2001 para dizer que, naquele ano, "o Brasil potente, vendido com galhardia nos quatro cantos do mundo, foi vítima de um apagão que pouca gente esperava".

Pobres
Ainda ontem, em uma visita de pouco mais de 20 minutos ao velório de d. Luciano Mendes de Almeida, Lula informou à igreja lotada que recebeu dele o pedido para ir "em frente" e "não esquecer os pobres deste país". Disse que a morte de d. Luciano traz a responsabilidade de cumprir a tarefa do arcebispo. "Teremos que nos transformar em muitos dons Lucianos para cumprir sua tarefa." O presidente não acompanhou o cortejo de enterro, a missa nem a cerimônia na principal igreja de Mariana em razão de ter agenda em Brasília.


Colaborou FABIANE LEITE, enviada especial a Mariana (MG)

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