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Defesa descarta pedir a anulação de decisão
LILIAN CHRISTOFOLETTI
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Advogados de acusados no
caso do mensalão afastaram,
pelo menos por enquanto, a
possibilidade de usar a conversa flagrada do ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo
Tribunal Federal, para tentar
anular o julgamento.
"A reportagem é impactante,
me leva à reflexão, mas, como
advogado, não vou interpor
medidas para anular o julgamento", diz José Luís Oliveira
Lima, que defende José Dirceu.
Em conversa por celular ouvida
por uma repórter da Folha Lewandowski disse que a "tendência era amaciar para Dirceu" e "todo mundo votou com
a faca no pescoço".
Luiz Fernando Pacheco, que
defende o deputado federal José Genoino (PT), afirma que as
frases dizem respeito ao Supremo, que deveria se pronunciar.
Para Modesto Guimarães Filho, que advoga para o ex-ministro Anderson Adauto, a única pressão aceitável para um
magistrado é a da "consciência
baseada nos fatos e no domínio
da técnica legal".
"Um homem que está no Supremo não pode se sentir intimidado. Se não tem independência, não pode ser da Suprema Corte. Eu especificamente
não tomaria nenhuma medida", afirma o defensor.
Advogado de João Paulo Cunha (PT), Alberto Toron diz
que se trata mais de um sentimento do ministro sobre o julgamento. "É uma impressão do
ministro. Posso até concordar
com a sensação dele, mas não
chegaria ao ponto de pensar
em uma nulidade."
José Roberto Leal de Carvalho, advogado do ex-ministro
Luiz Gushiken, afirma que não
falará sobre o caso. "Eventualmente possa querer tomar alguma providência." Outros advogados também não quiseram
se pronunciar sobre o episódio.
O fato de Lewandowski ser
ministro da última instância do
Judiciário é um dos fatores
apresentados por advogados
para não pedir a revisão do julgamento."É uma circunstância
nova, incomum. Precisa haver
cautela. Em se confirmando o
que o ministro disse, até é possível questionar, mas com conseqüências imprevisíveis, já
que o Supremo é o juiz do Supremo", diz Luiz Francisco
Barbosa, advogado do deputado cassado Roberto Jefferson.
Marcelo Leonardo, que defende o empresário mineiro
Marcos Valério, disse que a revelação "no mínimo cria constrangimento" ao STF.
Dos advogados ouvidos, cinco afirmaram que a divulgação
do diálogo faz parte do trabalho
da imprensa. Dois disseram
que a atitude invadiu o direito à
privacidade do ministro.
Colaborou a Agência Folha
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