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Petistas traçam plano para ignorar mensalão
Na véspera do 3º Congresso da sigla, ala majoritária rejeita criação de corregedoria e código de ética e pede apoio a Dirceu e Genoino
Grupo ligado a Tarso Genro, em minoria, se aproxima de corrente que é maioria para tentar ao menos menção genérica aos escândalos
CÁTIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO ZANINI
EM SÃO PAULO
Na véspera da abertura de
seu 3º Congresso, o PT começou ontem a dar sinais de que
pretende ignorar desvios de
conduta cometidos por seus dirigentes desde 2005. Haverá
um esforço para evitar debates
sobre a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de aceitar denúncia contra os petistas
envolvidos no mensalão.
Em reunião preparatória
com cerca de 300 delegados, a
corrente Construindo um Novo Brasil, antes conhecida como Campo Majoritário, descartou a criação de corregedoria
para o partido e a instituição de
um código de ética, propostas
sugeridas pelo grupo Mensagem ao Partido, ligado ao ministro Tarso Genro (Justiça).
O grupo, ainda, manifestou-se em defesa do ex-ministro José Dirceu e do deputado José
Genoino (SP), réus em ações
penais por formação de quadrilha e corrupção ativa no esquema do mensalão.
Um dos defensores da dupla
foi o deputado José Guimarães
(CE), irmão de Genoino, conhecido por ter tido um assessor preso com dólares na cueca.
"Dirceu e Genoino estão sendo
duramente atacados e sem direito a defesa. O PT tem de dar a
eles total solidariedade", disse
Guimarães. Foi aplaudido.
"Não há no PT mais ético ou
menos ético", disse o presidente do diretório de Brasília, Chico Vigilante, também aplaudido. "O PT é um só. Se um afunda, afunda todo mundo junto",
afirmou um dos coordenadores
da tendência, Francisco Rocha.
A Folha ouviu o discurso do
secretário de Comunicação do
PT, Gleber Naime, na reunião.
"O PT não pode ter uma corregedoria. Quantos delegados e
investigadores teríamos que
contratar para investigar cada
denúncia? Isso não resolve os
problemas do partido", disse.
A Construindo um Novo
Brasil tem entre seus delegados Dirceu e Paulo Rocha (envolvidos no mensalão) e Ricardo Berzoini (dossiegate). Para
evitar ataques explícitos a seus
líderes, a corrente deve ter o
apoio de outra alas, ligadas à
ministra Marta Suplicy (Turismo): a Novo Rumo e o PT de
Lutas e de Massas.
Sendo minoria, o grupo de
Tarso sonda a ala majoritária
para construir um documento
de consenso ao final do congresso, incluindo ao menos
menção genérica aos escândalos. Devem recomendar uma
reforma política profunda.
Até o coordenador da comissão de ética, Danilo Camargo, é
contra discutir os escândalos.
"Essa pauta não interessa ao
PT nem a 80% da população.
Só à imprensa e à elite."
O PT tentará concentrar as
discussões no Congresso ao balanço do governo Lula, às próximas eleições e à renovação da
direção partidária. A tendência
é que as eleições para a presidência do PT sejam antecipadas para o final do ano. Haverá
debate intenso sobre 2010.
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