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ELEIÇÕES 2004 - SÃO PAULO
"Quando você acha que deu seu
máximo, não há mais o que fazer"
À tarde, tucano foi a zona leste
com Alckmin e encontrou padre
Em família, Serra diz ter cumprido seu dever
CATIA SEABRA
RICARDO BRANDT
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na véspera da eleição, o candidato do PSDB à Prefeitura de São
Paulo, José Serra, reservou a manhã de ontem à família e, à tarde,
comeu uma feijoada em São Miguel Paulista, com o governador
Geraldo Alckmin (PSDB).
"É questão de temperamento.
Quando você acha que deu o seu
máximo, não há mais o que fazer.
Você já fez tudo que poderia", disse o tucano, talvez para justificar
uma agenda tão leve apesar da insistência no "ainda não ganhei".
No restaurante, repetiu o discurso de precaução: "Ninguém
ganha na véspera e nós temos perfeita consciência disso".
Horas antes, a desobediência à
ordem de não cantar vitória antes
do tempo veio, porém, da própria
família. No café da manhã na casa
da filha, Verônica, Antônio repetia: "Vovô vai ganhar. Vovô vai
ganhar". Embora repetisse seu
bordão dos últimos dias, Serra ria.
Antônio fará 2 anos em janeiro.
Depois da difícil noite de debate
(encerrada às 3h30m, após um
jantar de confraternização na
produtora de seu programa de
TV), Serra tomou café com a mulher, Monica, com o genro, Alex,
com Verônica e Antônio. À mesa,
lembranças do movimento estudantil, quando "parecia que a mudança estava atrás da esquina". E,
da prisão, por 24 horas, no Chile.
O filho de 3 meses no colo. Disse:
"Fique tranqüilo. Eles não sabem
o que fazem", lembrou Mônica.
Com a certeza de que o debate
não produziu novidade política,
Serra não correu riscos ontem.
Depois da feijoada, encontrou-se
com o padre Marcelo Rossi. E só.
Corpo-a-corpo, só no restaurante de São Miguel Paulista. Ao
eleitor Wagner Szabo, 47, gerente
comercial que abordou o candidato ao lado de sua filha deficiente
visual de oito anos, Serra prometeu criar uma "secretaria especial
para deficientes".
Ainda ontem, Serra comentava
a experiência de um debate nos
moldes do organizado na sexta-feira pela TV Globo. Só depois do
confronto, soube, por exemplo,
que foi exibida a imagem em que
acenava um não enquanto a adversária Marta Suplicy contestava
seus números para o Orçamento.
O tucano não gostou muito da
idéia de ter adotado um tom professoral. "Sou professor, o que
posso fazer?" A interlocutores,
confessou que, de tão concentrado em suas considerações finais,
mal percebeu que a intervenção
de Marta fora interrompida.
Em família, no entanto, a única
disputa foi jogar bola com o neto.
Naquele momento, o lema era
perder. "Tem que deixar ele fazer
o gol", mimava Serra.
Ontem o jornal argentino "La
Nación" trouxe entrevista com
Serra, na qual comparou o PT e o
PSDB aos partidos americanos
Republicano e Democrata, elogiou a política externa, atacou a
economia e criticou o desperdício
do dinheiro público na cidade.
O movimento abaixo do esperado no feriado prolongado foi um
alívio para os tucanos. Lideranças
do partido que monitoravam o
movimento nas estradas comemoraram ontem os primeiros dados e diziam que o "efeito Guarujá não pegou". "O movimento nas
rodovias tem sido pouco maior
ou, em alguns casos, até inferior
ao de um final de semana normal", afirmou o deputado federal
Walter Feldman, um dos coordenadores de campanha.
O movimento ontem nas cidades de Santos e Guarujá, no litoral
sul de São Paulo, e nas estradas foi
abaixo do esperado. O coordenador político da campanha, deputado federal Aloysio Nunes Ferreira, disse que o feriado tira votos
do PSDB, mas também do PT.
Entre os tucanos, a ordem é esperar os resultado. Para Feldman,
o PT não terá tempo suficiente para colher os frutos da mudança de
estratégia de campanha adotada
na reta final de disputa. Para os
tucanos, as mudanças foram a
troca dos ataques diretos por linha mais propositiva e o reconhecimento dos próprios problemas.
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