São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ELEIÇÕES 2004 - SÃO PAULO

"Quando você acha que deu seu máximo, não há mais o que fazer"

À tarde, tucano foi a zona leste com Alckmin e encontrou padre


Em família, Serra diz ter cumprido seu dever

CATIA SEABRA
RICARDO BRANDT
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera da eleição, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, reservou a manhã de ontem à família e, à tarde, comeu uma feijoada em São Miguel Paulista, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
"É questão de temperamento. Quando você acha que deu o seu máximo, não há mais o que fazer. Você já fez tudo que poderia", disse o tucano, talvez para justificar uma agenda tão leve apesar da insistência no "ainda não ganhei".
No restaurante, repetiu o discurso de precaução: "Ninguém ganha na véspera e nós temos perfeita consciência disso".
Horas antes, a desobediência à ordem de não cantar vitória antes do tempo veio, porém, da própria família. No café da manhã na casa da filha, Verônica, Antônio repetia: "Vovô vai ganhar. Vovô vai ganhar". Embora repetisse seu bordão dos últimos dias, Serra ria. Antônio fará 2 anos em janeiro.
Depois da difícil noite de debate (encerrada às 3h30m, após um jantar de confraternização na produtora de seu programa de TV), Serra tomou café com a mulher, Monica, com o genro, Alex, com Verônica e Antônio. À mesa, lembranças do movimento estudantil, quando "parecia que a mudança estava atrás da esquina". E, da prisão, por 24 horas, no Chile. O filho de 3 meses no colo. Disse: "Fique tranqüilo. Eles não sabem o que fazem", lembrou Mônica.
Com a certeza de que o debate não produziu novidade política, Serra não correu riscos ontem. Depois da feijoada, encontrou-se com o padre Marcelo Rossi. E só.
Corpo-a-corpo, só no restaurante de São Miguel Paulista. Ao eleitor Wagner Szabo, 47, gerente comercial que abordou o candidato ao lado de sua filha deficiente visual de oito anos, Serra prometeu criar uma "secretaria especial para deficientes".
Ainda ontem, Serra comentava a experiência de um debate nos moldes do organizado na sexta-feira pela TV Globo. Só depois do confronto, soube, por exemplo, que foi exibida a imagem em que acenava um não enquanto a adversária Marta Suplicy contestava seus números para o Orçamento.
O tucano não gostou muito da idéia de ter adotado um tom professoral. "Sou professor, o que posso fazer?" A interlocutores, confessou que, de tão concentrado em suas considerações finais, mal percebeu que a intervenção de Marta fora interrompida.
Em família, no entanto, a única disputa foi jogar bola com o neto. Naquele momento, o lema era perder. "Tem que deixar ele fazer o gol", mimava Serra.
Ontem o jornal argentino "La Nación" trouxe entrevista com Serra, na qual comparou o PT e o PSDB aos partidos americanos Republicano e Democrata, elogiou a política externa, atacou a economia e criticou o desperdício do dinheiro público na cidade.
O movimento abaixo do esperado no feriado prolongado foi um alívio para os tucanos. Lideranças do partido que monitoravam o movimento nas estradas comemoraram ontem os primeiros dados e diziam que o "efeito Guarujá não pegou". "O movimento nas rodovias tem sido pouco maior ou, em alguns casos, até inferior ao de um final de semana normal", afirmou o deputado federal Walter Feldman, um dos coordenadores de campanha.
O movimento ontem nas cidades de Santos e Guarujá, no litoral sul de São Paulo, e nas estradas foi abaixo do esperado. O coordenador político da campanha, deputado federal Aloysio Nunes Ferreira, disse que o feriado tira votos do PSDB, mas também do PT.
Entre os tucanos, a ordem é esperar os resultado. Para Feldman, o PT não terá tempo suficiente para colher os frutos da mudança de estratégia de campanha adotada na reta final de disputa. Para os tucanos, as mudanças foram a troca dos ataques diretos por linha mais propositiva e o reconhecimento dos próprios problemas.


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